Laysa Carolina Machado, 41, poderia ser mais uma transexual qualquer, que como muitas sofre preconceito, discriminação, mas esta história é diferente pelo fato de Laysa ser diretora de uma escola estadual no Paraná e foi inclusive reeleita por votação de pais, funcionários, professores e alunos da instituição.
Natural da cidade de Entre Rios, localizada na região Centro-Sul do Paraná, a jovem cresceu em Guarapuava e desde muito cedo Laysa já aprendeu o que é sofrer discriminação, inclusive da própria família. Já em 1999 ela assumiu sua sexualidade, e foi abandonada por amigos e família, Laysa decidiu que queria mudar de vida. Através do SUS (Sistema Único de Saúde), ela fez tratamento hormonal, teve acompanhamento psicológico e então realizou a tão sonhada cirurgia de mudança de sexo.
Não satisfeita, ela estudou para concurso público, passou para rede estadual de Educação e tomou posse do cargo já como transexual. Desde 2004 que Laysa ocupa o cargo de diretora auxiliar da escola Chico Mendes. Em entrevista ao jornal carioca “O Globo”, ela contou que no começo nada foi fácil, sofria preconceito dos próprios colegas de profissão que não aceitavam o fato dela ser uma transexual. “Quando mudei para cá fui totalmente execrada. Não queriam um ‘traveco’ dando aula. Mas como eu estava assumindo o concurso aqui e não tinha nada que impedisse tiveram que me engolir. A situação só mudou com o meu trabalho”, comentou ela para matéria especial publicada no site.
Em 2009, Laysa concorreu para a direção da escola com dois outros professores, a votação era feita de forma democrática, ou seja, por parte de pais, alunos, professores e colegas de trabalho. Laysa além de vencer na época, ainda foi reeleita em 2011. Parte de seu sucesso ela credita ao fato de realizar um trabalho onde abre um leque de informações e debates com alunos sobre a questão da orientação sexual e diversidade.
Além de palestras e peças teatrais abordando o tema, ela ainda realiza na escola uma semana cultural onde debate estes e outros assuntos relacionados. Laysa comemora hoje sua formação e ainda se orgulha de ser, segunda ela, a única transexual eleita diretora no país. “Um consultor do Departamento de Diversidade do MEC visitou a escola no ano passado e disse que eu era a única diretora transexual eleita — conta Laysa, orgulhosa, sem esconder a emoção”. E confessa: “Tenho alunos que sinto que são gays ou transexuais e sei que aqui eles são totalmente acolhidos e se espelham em mim”, conclui.
Ainda segundo o jornal “O Globo”, de acordo com informações do Ministério da Saúde, ainda não há como confirmar se Laysa é a única transexual eleita democraticamente, uma vez que não existam dados e levantamentos da Educação que mostrem estas informações.