Ilhas onde fascistas exilaram homossexuais há 70 anos viram ponto turístico na Itália

O arquipélago de Tremiti, no Mar Adriático, na Itália, tem um passado desconhecido mas que começa a ser divulgado. Foi na região que há 75 anos o regime fascista exilou os cdonsiderados “degerados” pelos seus líderes, entre eles o terrível Benito Mussolini. Mas a prisão daqueles expulsos de casa ou presos pelo regime se tornou, apesar da opressão, um lugar de liberdade.

Nos anos 30, em um processo de higienização do regime, a exemplo do que aconteceria anos depois na Alemanha, os fascistas enviaram para diferentes ilhas um grande contingente de pessoas que não se adaptavam ao modelo ideal do sistema. Homossexuais eram contra a imagem masculina do italiano de Mussolini, por isso foram excluídos. 
 
Na época, a Sicília era conhecida por receber europeus com problemas de saúde, e seus rapazes ficavam famosos por fotografias eróticas em todo o mundo como nas feitas pelo Barão Wilhelm von Gloeden, hóspede da vila de Taormina, onde contratava raparigos para servirem de modelos e algo mais. O barão, que não era barão mas era rico, morreu antes do clima se tornar tenso. Com a chegada de mais gays e clima de libertinagem, começaram a endurecer as leis contra homossexuais em todo o país.
 
Em 1938, 45 homens ou mais de Catania, na Sicília, foram acusados de serem homossexuais e exilados para a ilha de San Domino, em Tremitis, a 600 km da costa, no Mar Adriático. Formou-se a primeira colônia gay do mundo e o fato começa a atrair a atenção de turistase militantes gays. 
 
Os pesquisadores Gianfranco Goretti e Tommaso Giartosi assinam o livro “A Ilha e a Cidade”,  que buscou em relatos de moradores locais e em documentos as histórias até então não conhecidas. Eles descobriram que os rapazes tinham um toque de recolher às 8 da noite e que usufruíam de liberdade e eram bem quistos pelos moradores locais. “De certa forma, os homens viviam melhor na ilha do que fora dela” relatou um dos sobreviventes há alguns anos para uma revista gay italiana. Com o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, a unidade prisional de San Domino foi desativada e os gays relocados para suas cidades de origem.
 
Recentemente, uma placa em memória dos exilados foi colocada na ilha, em lembrança a perseguição de Mussolini aos homossexuais na Itália. “Os homossexuais não são mais presos e despachados para ilhas, mas até mesmo hoje em dia eles são considerados cidadãos de segunda classe”, afirmou o ativista Ivan Scalfarotto, membro  do Parlamento italiano, durante a homenagem aos exilados desconhecidos.
 
O turismo gay na Itália já movimenta  7% do setor no país e ao contrário dos outros setores segue em crescimento, movimentando mais de US$ 4 bilhões ao ano. 
 
 
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