O jornalista Jamie Kirchick havia sido convidado para falar do caso Bradley Manning na TV Russia Today (RT), principal canal de notícias da Rússia, em inglês, mantido pelo governo, nesta quarta-feira. Mas ele resolveu colocar seus suspensório do Orgulho Gay e questionar porque o canal não mostra os casos de homofobia que estão crescentes no país. Ele queria falar da lei contra propaganda gay, sobre como os jornalistas são censurados no país e falou isso tudo, ao vivo. O norte americano é judeu, gay, e escreve para os jornais The New York Times e Wall Street Journal, além de colaborar com revistas gays como a Advocate, e estava na Suécia quando fez a participação ao vivo.
“Harvey Fierstein é bem famoso nos EUA e ele diz que ficar em silencio em frente ao mal é algo que não podemos fazer. Estando aqui na frente do canal de propaganda do governo, vou usar o meu suspensório do orgulho gay e vou protestar contra terrível lei que criminaliza a propaganda gay , sancionada por Vladimir Putin,que foi aprovada no mês passado pelo DUMA, que praticamente torna proibido se falar em homossexualidade em público”, disse o jornalista, nervoso. As colegas de profissão tentam acalmar e fazer com que ele volte ao tema mas ele reage:
”Eu não estou muito interessado em falar sobre Bradley Manning. Eu quero falar sobre o horrível ambiente de homofobia na Rússia agora. E deixar os amigos russos saberem que eles tem amigos do outro lado”. Depois de ser censurado pelas colegas mais uma vez, ele continua: “Não sei como você como jornalista pode dormir à noite sabendo a situação pela qual os jornalistas passam na Rússia, onde são rotineiramente perseguidos. Todo mundo que trabalha neste canal deveria ter vergonha de si mesmo”, afirmou Kirchick que ainda disse às apresentadoras: “Você tem 24 horas por dia para mentira sobre os EUA e ignorar o que acontece na Rússia… RT tem sido só Bradley Manning, Edward Snowden, 24 horas por dia, sete dias por semana. Eu não vejo nada no seu canal sobre a lei anti gay aprovada na Rússia que está aumentando a violência e a hostilidade contra os gays. Onde está a cobertura disso? Eles não podem fazer estes comentários na TV russa, não podem escrever nos jornais russos. Eles não podem protestar nas praças russas”, desabafou o jornalista que informou ainda que a rede russa mandou o taxista, que o levaria até o aeroporto de Estocolmo, a deixá-lo no meio do caminho.
Em nota, a RT se afirmou surpresa ao pensar que o jornalista achava que o canal iria pagar o táxi depois da “tentativa de sabotar a transmissão” e que tal fato não ocorreu. Segundo a rede, o convidado foi chamado para falar do caso Bradley Manning – “obviamente um assunto de maior interesse internacional”. A rede cita que o assunto dos direitos LGBT também é importante mas não era o assunto naquele momento, por isso os comentários do jornalista foram ignorados posteriormente.
Confira o que aconteceu: