“Baitola”, “viado”, “bicha”, “bichona”, entre outros termos, são como diferentes personagens se dirigem ao Crodoaldo Valério, o Crô (Marcelo Serrado), personagem estrela que roubou a cena na novela Fina Estampa (2011) e ganhou seu próprio filme, que estréia esta semana nos cinemas. “Não gostou, deita na BR”, diz o personagem que agora é rico, vive em crise existencial pela ausência de uma deusa em sua vida e resolve ir à procura de uma nova patroa.
O roteiro do autor Aguinaldo Silva, mesmo da novela, dá continuidade à trama da novela e traz revelações, como a relação com a mãe (Ivete Sangalo), surpresas quem é o misterioso namorado do mordomo gay famoso. Crô tira o preconceito de letra, não se importa com os termos com qual é tratado, faz deboche. Ele provoca o motorista Baltazar (Alexandre Nero), que resiste às investidas do patrão e à governanta Marilda (Katia Moraes). Aliás, os dois estão maravilhosos em cena, bem como Serrado.
Crô é assim: divo, de bom coração, que sofre bullying mas que também provoca. E o filme acaba por ser provocativo, pastelão, divertido mas sem ser apelativo. Simplesmente Crô.
A qualidade técnica do filme é impressionante, um lançamento nacional que não deixa a desejar na qualidade do som e imagens. O roteiro também é interessante, cheio de reviravoltas, com uma história linear que mistura as motivações do personagem que se auto-explica, apesar da fragilidade do argumento vindo da novela. Crô se refere por vezes no feminino, idolatra mulheres, quer ser bem sucedido, mas mostra que tem ética, que é esperto, que tem boa moral. No fim, o personagem consegue superar a aura infantil e de desenho animado, mostrando que, apesar de gay, no final o bem sempre vence.
Confira o trailer de Crô: