Bar gay em Sochi lota durante Jogos de Inverno e contraria homofobia russa

A região de Sochi, balneário russo à beira do Mar Morto, sede das Olimpíadas de Inverno,já foi um verdadeiro paraíso gay e uma região conhecida por sua diversidade e tolerância. Isso antes da perseguição a homossexuais ser apoiada pelo governo de Vladmir Putin, especialmente em seu terceiro mandato, que no ano passado aprovou uma lei que bane qualquer manifestação pública sobre a homossexualidade, com a desculpa de preservar as crianças de relações não convencionais. Mas há um oásis em Sochi para os gays e se chama Mayak Cabaret, um misto de bar com shows de drags e transformistas e pista de dança que tem público misto, com muitos héteros indo assistir os espetáculos. Um lugar que permaneceu enquanto a maioria dos bares e discos GLS da região fecharam por causa da linha dura do governo e do aumento da violência. O dono do bar com 9 anos de história, Roman Kochagov,  fala em 70% de público hétero na casa e diz que a comunidade gay na cidade não existe mais. Muitos saíram da Rússia ou tem medo de sair em um lugar gay com medo de serem identificados.

No primeiro fim de semana durante os Jogos Olímpicos de Inverno, um show da casa virou notícia em todo o mundo. De repente, durante a apresentação de uma das drags, o som e as luzes foram cortados, um policial entrou com uma lanterna e começou a ameaçar a plateia e a apontar a luz na cara das pessoas. O homem fardado então puxou sua calça e camisa e ficou apenas de cueca, e começou a dançar ao som de “I like the way you move”. O público, até então tenso e assustado, foi ao delírio. A casa reúne em seu staff garçons que transitam apenas com ombreiras fashion e sunga, drags glamorosas e ambiente chique decadente com bandeiras do arco-íris e fotos de modelos masculinos de cuecas. A casa abre diariamente das 19h às 7h como bar com shows e aos fins de semana tem DJs e pista. Para entrar na casa é preciso ter mais de 21 anos. 

O lugar é discreto, próximo a rua da orla, com vista para o Mar Morto, sem placas, pois desistiram de tanto que foram depredadas, vizinho a clubes de strips de mulheres. Talvez a Mayak ainda esteja aberta para ajudar na propaganda do governo, mostrar que a homofobia não é tanta e ainda há alegria gay no país. Um ambiente que não condiz com a realidade russa de medo e opressão. Vai ver por isso os gays não frequentam mais o lugar que faz a alegria de héteros e turistas, alheio ao mundo real do lado de fora.

 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa