Em 06 de fevereiro de 2000, um assassinato chocou o país. O adestrador de cães Edson Neri da Silva, 36 anos, andava na Praça da República no Centro de São Paulo quando foi atacado por um grupo de skinheads autointitulados “Carecas do ABC”. Ele estava de mãos dadas com seu companheiro, Dario Pereira Netto, e isso bastou para insuflar um ódio mortal. Correntes e socos ingleses foram usados para desfigurar a vítima que foi chutada, pisoteada e espancada por um grupo de mais de 30 homens e mulheres. Edson morreu no local.
Graças a um vendedor que passava pelo local que seguiu os agressores, a polícia prendeu o grupo que comemorava o ataque em um bar. Ao total, 18 pessoas foram indiciadas, incluindo duas mulheres, todos foram liberados e responderam em liberdade. Com a redução das penas já brandas, apenas três foram condenados a reclusão, nenhum deles se encontra preso hoje por causa do crime. A repercussão rendeu prêmios a jornais e virou manchete internacional. Hoje, resta do caso apenas a intenção de um monumento em sua homenagem na Praça da República e algumas matérias e sites antigos. O instituto que leva seu nome, uma ong gay, resiste ao tempo e às dificuldades.
Edson Neri é considerado o marco zero na medição dos crimes homofóbico no país. De lá para cá, durante 14 anos, o Grupo Gay da Bahia registrou mais de 2 mil assassinatos de homossexuais, a maioria deles com requintes de crueldade. Apesar da contagem ter iniciado um ano antes, a morte de Edson foi a que mais causou comoção e é um símbolo da militância. Diferente dos EUA e do Chile que criaram leis contra homofobia e crimes de ódio depois de apenas um assassinato emblemático, no Brasil, parece não haver número que faça a sociedade enxergar esta demanda.
São 14 anos e muitas mortes na mesma região e por todo o país, que poderiam ser evitadas com Educação, leis e uma maior divulgação do tema.