Acima de qualquer suspeita, o rapaz da foto tem 17 anos, e é filho de pastor evangélico. Alto, magro, bonito, lábios carnudos, dentes brancos e grandes olhos brilhantes, com uma Bíblia na mão em seu perfil em uma rede social, dificilmente seria identificado como um frio assassino. Mas ele é o autor confesso do assassinato do jovem Igor Alves, de 15 anos, de Agudos, a 20 km de Bauru, em São Paulo, cidade de apenas 35 mil habitantes. O acusado foi preso em Bauru nesta segunda-feira depois que outro menor de 15 anos, que também participou do crime, indicou a participação dele na morte e o local onde o corpo de Igor foi deixado.
Ele estava foragido desde o dia 2 de abril, quando o corpo de Igor foi encontrado com mais de 10 facadas em um reflorestamento na zona rural local. A polícia não divulgou detalhes em respeito à família, mas o corpo do jovem fora violado, com requintes de crueldade.
“Pastorzinho” já havia matado no ano passado um empresário homossexual da cidade, e até dois dias antes do crime, acontecido em 29 de março, ele cumpria medida socioeducacional pela participação no assassinato do homem de 56 anos. Um rapaz de 18 anos que participou com ele deste crime foi condenado por latrocínio. Segundo investigações do crime anterior, ele e o homem mantinham um relacionamento amoroso. Pastorzinho também mantinha uma relação com Igor e, segundo seu comparsa na morte de Igor, ele planejava matar outro jovem da cidade com quem mantinha contato pela internet onde seduzia outro garoto para um encontro fatal.
A Lado A conversou com o delegado Jader Biazon, que efetuou as investigações do caso, que afirmou que o menor não tem remorso e que alegou que matou porque “tem ódio de homossexuais”. O assassino confesso negou ser homossexual e disse ainda que havia afirmado na Fundação Casa, onde estava recluso até o início do ano, que voltaria a matar. Mesmo assim foi colocado em semiliberdade. Para o delegado, o jovem aponta sinais de sofrer de algum transtorno mental e deveria ter ficado internado.
Segundo moradores locais, o jovem assassino acompanhava seu pai nos cultos da igreja da qual é pastor desde que regressou à cidade. A família teria ajudado o jovem infrator a se esconder depois da morte de Igor. A vítima também era de família de fé evangélica e morava com os avós em Agudos que não aceitavam a sua sexualidade e ele planejava fugir de casa por causa do assassino.
O crime trágico mostra o que a homofobia religiosa é capaz. Um jovem que não era aceito em casa manteve um relacionamento mortal com outro que não aceitava a sua homossexualidade e possuía dentro de si um ódio tão grande capaz de transformá-lo em um serial killer (o termo é utilizado apenas para assassinos que mataram mais de três pessoas em série) de homossexuais. Ele seduziu e matou seus parceiros, por duas vezes, planejou um terceiro crime, e ainda assim negou ser homossexual, mas assumiu a autoria dos crimes, que em sua cabeça doente e impregnada de valores homofóbicos é algo menos grave do que ser homossexual.
O que dirão agora senhores pastores homofóbicos? Irão continuar a pregar que Deus não aceita os homossexuais? Quantos mais precisarão morrer em nome desta doutrina que prega o ódio e o auto ódio?
NOTA DO EDITOR: Percebemos que algumas pessoas ficaram ofendidas com o conteúdo desta matéria, então elucidamos:
1- Não somos contra nenhuma religião e nenhum de seus Deuses.
2 – Entendemos que a manifestação e condenação da homossexualidade causa transtornos de auto aceitação em pessoas homossexuais e incita a marginalização do homossexual na sociedade.
3 – Nos referimos apenas aos pastores homofóbicos, que insistem em praticar bullying menosprezando os homossexuais publicamente, causando suicídios e problemas de auto estima e neuroses.
4 – A liberdade de culto e prática de sua religião não podem interferir na prática de culto alheia ou no bem estar de uma pessoa.
5 – Infelizmente todas as informações desta matéria são verídicas. O apelido “pastorzinho” foi dado ao rapaz por uma pessoa da cidade que ouvimos para esta matéria em razão de seu pai ser pastor.