“Há um discurso de aparente tolerância. Em muitas famílias, é comum aceitarem desde que a pessoa não torne pública a sua orientação sexual, numa vida clandestina”, pontua o pesquisador. Geralmente, amigos próximos são os primeiros a saberem da homossexualidade do jovem, que depois seleciona quem vai saber, geralmente começando pela mãe. “Revelar ou ocultar a orientação sexual, portanto, ainda é questão estruturante da vida homossexual”, afirma o pesquisador. O medo de sofrer violência homofóbica, dentro de casa e nas ruas, está entre um dos fatores que incentivam o jovem homossexual a seguir em uma relação de perdas e ganhos com sua sexualidade, evitando lidar naturalmente com a questão, como acontece com o heterossexual, carregando pesos e sofrimentos por conta desta decisão.
Quanto maior a exposição, maior é o risco de sofrer algum tipo de preconceito. Mas estar no armário não garante que a violência homofóbica não ocorra. Ente o universo pesquisado, 16% já haviam sofrido alguma agressão verbal quando não era conhecido a sua sexualidade, ou seja, apenas por desconfiança. No mesmo grupo, 4% sofreram violência física, mesmo sem se assumir. E 72% informaram ter sido vítimas de homofobia verbal por conta do conhecimento da sua homossexualidade, 21% chegaram a ser agredidos.
Ou seja, um homossexual assumido tem de 5 a 6 vezes mais chances de ser agredido ou humilhado do que um homossexual no armário.