Hummes classifica como positivo este pouco mais de um ano de pontificado do seu colega. Ao ser perguntado da possibilidade de mudanças na forma em que a Igreja vê questões como celibato, divórcio, homossexualidade e ordenação de mulheres, o arcebispo brasileiro afirma: “Foi enviado um grande questionário, e aí está uma outra novidade dele, porque ele insistiu que esse questionário — que já foi respondido — também fosse entregue aos leigos. Em outubro, terá o sínodo extraordinário que vai tratar dessa questão”, revela o religioso.
A jornalista pergunta se algo mudou na relação da Igreja com os gays e ainda “Se um casal homoafetivo procurar uma paróquia, poderá receber os sacramentos ou ser padrinho em um batizado, por exemplo?”. Hummes respondeu que não está a par da questão mas relembrou o que disse o papa: “Se um homossexual busca Deus, quem sou eu para julgá-lo?” Para ele, “A pessoa tem de ser respeitada. Se ela tem uma orientação homossexual, o que isso significa na vida dela? Ela, na verdade, tem de viver dignamente a sua vida. Nessa questão do batizado, não sei como os bispos estão aplicando isso, porque, em si, não tem nada a ver com isso, a não ser que fosse um pecador público, digamos assim, que fosse uma pessoa complicada nesse sentido. O padrinho é aquele que deve ajudar a educar religiosamente, e uma pessoa que tem uma orientação sexual poder ser um santo. Se ele vive o evangelho, dentro das suas condições, ele pode ser um santo. Em tese, não tem nada contrário”.
Dom Claudio Hummes afirma ainda que é preciso calma com as mudanças. “A gente não deve ter pressa. É a Igreja quem tem que indicar o caminho e não a pessoa individual querer fazer reformas. Então, temos que ter paciência, mas o fato de que ele abriu essas portas mostra que a Igreja está querendo realmente ser mais positiva nessas questões”.