LoL: Finalistas brasileiros de League of Legends saem do armário

“League of Legends” é um jogo estilo MOBA da Riot Games, um dos mais jogados do mundo, e que tem grandes eventos para jogadores profissionais por todo mundo. A final brasileira foi em julho e duas “estrelas” brasilerias dos jogos saíram do armário neste final de semana nas redes sociais. O jogo tem fama de atrair os gays, mas isso não impediu que o jogador Gabriel “Kami” Santos contasse que era sim gay nas redes sociais.

“Ser gay não define caráter, não te faz melhor ou pior do que ninguém, não te torna especial, e não te dá direitos que as outras pessoas não tem. Ser gay não é motivo pra ser tratado diferente, assim como não é motivo pra tratar os outros como não gostaria que fosse tratado. Ser gay é, por definição, sentir atração pelo mesmo sexo, apenas. Espero que continuem gostando de mim, porque eu vou continuar gostando de todos vocês”, afirmou o jogador da equipe paiN Gaming que disse ainda que primeiro se autorrejeitou e depois não tinha com quem conversar sobre o assunto.

O concorrente e amigo Gustavo “Minerva” Alves, do time KaBum, atual campeão da Liga Brasileira, também se sensibilizou e saiu do armário. “Amei o que o PaiN Kami Razer fez. Hahahah, eu fiz isso recentemente e contei pros meus pais. q___q  Bem, eu não vou digitar um texto e blá blá blá. Eu apenas nunca falei se sou ou se não pro pessoal não rotular, odeio isso. Mas nunca escondi que era, tdo mundo do competitivo sabe pela convivência de qdo vamos pro campeonato e etc. Sempre me incomodou o pessoal ficar perguntando na stream toda hora se sou ou se não. E eu também vou amar comentar com vocês a respeito da minha vida agora. Sempre quis isso, ahahah”, disse o campeão.

A notícia não foi uma surpresa por eles serem gays mas pela coragem dos dois gatinhos nerds que foi muito aplaudida e comemorada pelos fãs.

CONFIRA O LONGO E FOFO POST DO “PAIN KAMI RAZER” SAINDO DO ARMÁRIO:

Oi! 

 
Por onde se começa a escrever esse tipo de coisa? Acho que não tenho nem uma referência pra usar como base. Confesso que achei que fosse ser fácil, mas agora tô vendo que não vai ser, haha.
 
Há alguns dias eu tomei uma decisão muito impactante na minha vida, e uma vez que eu vá fundo com ela, não tem como voltar atrás. Mas, sinceramente, não quero voltar atrás, e nem acho que vá mudar de ideia no meio do caminho, ou daqui pra frente. E essa decisão é bastante simples: me assumir pra vocês. 
 
Desde pequeno eu sempre achei estranho, todos os meninos falavam sobre como eles estavam afim das meninas, sabe, coisa de criança mesmo, mas eu não conseguia me sentir “afim” de nenhuma menina, e por muito tempo eu não entendia o porquê disso acontecer. Pois bem, eu fui crescendo e isso sempre ficava na minha cabeça. No fundo, eu sabia que era gay, homossexual, bichinha, viadinho, como quiserem chamar, mas não tinha maturidade suficiente pra ME aceitar, e ficava omitindo pra mim mesmo quem/como eu realmente era. Isso continuou ate mais ou menos um ano atrás, quando após sair de um relacionamento com uma moça muito simpática, pelos motivos acima, eu mudei minha mentalidade e passei, pela primeira vez na minha vida, a aceitar: “eu não sou como os meninos que gostam de meninas, eu sou como os meninos que gostam de meninos! O:”
 
Mas era ruim não poder conversar sobre isso com ninguém. Eu me sentia meio perdido e sozinho nesse sentido, tinha medo de contar pra mami poderosa, não sabia qual seria a reação, haha. De uns 10 meses pra cá, eu vim, aos pouquinhos, me assumindo pras pessoas próximas a mim. Tenho algumas historias bem engraçadas quanto a isso, mas elas vão ficar pra outro momento, ahahaha. Tenho muito a agradecer aos meus amigos, não vou citar os nomes, mas vocês sabem quem vocês são e a diferença que vocês fazem na minha vida, amo vocês. 
 
Vocês vivem me perguntando se eu fico incomodado com “Kami, você é gay?” nas streams. Pois bem, agora que eu posso responder: não, nunca me senti incomodado, e de verdade eu queria muito responder “sim”, mas tinha medo das reações. Sempre falei pra vocês que sou eu mesmo e sincero com vocês nas streams, e realmente procuro não criar um personagem. Meu objetivo é que quando vocês me encontrem nos eventos ou na rua, não consigam notar nenhuma diferença do Kami na stream, pro Kami pessoalmente. Mas pelo fato de eu não poder responder a pergunta que eu mais li no ano, eu sentia como se estivesse enganando vocês, mesmo que um pouquinho, haha. Agora não mais! 
 
Talvez estejam se perguntando por que eu resolvi fazer isso do nada. Primeiro, vamos estabelecer que eu me assumir não vai mudar em nada o meu modo de pensar sobre as coisas, não vou começar a falar fino, jogar de Taric, me vestir de mulher, jogar de Taric, ou sei lá o que mais costumam pensar que gays fazem, haha. Ser uma pessoa pública vem com algumas consequências, e uma delas é que muita gente vê o que eu escrevo/falo! Se eu puder, com isso, ajudar pelo menos uma pessoa a entender melhor desse mundo tão cercado de preconceito e visões errôneas, então, pra mim, já valeu a pena. 
 
No fim, ser gay não define caráter, não te faz melhor ou pior do que ninguém, não te torna especial, e não te dá direitos que as outras pessoas não tem. Ser gay não é motivo pra ser tratado diferente, assim como não é motivo pra tratar os outros como não gostaria que fosse tratado. Ser gay é, por definição, sentir atração pelo mesmo sexo, apenas. Espero que continuem gostando de mim, porque eu vou continuar gostando de todos vocês. 
E como eu adoro dizer: o melhor jeito de manter as pessoas que nós gostamos por perto é fazendo-as gostarem de ficar próximas a nós. 
 
See ya!

 

 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa