Nós temos lado e isso é importante dizer. Uma candidatura representa muito mais do que uma forma institucional de concorrer a um cargo público nas eleições: ela deve expor as ideias defendidas ao longo dos anos, que estão primeiramente nas ruas e, por demanda popular, chegam às urnas. Escolhemos estar do lado daqueles que são oprimidos cotidianamente e não temos nenhuma vergonha de assumir isso. Não temos vergonha em dizer que somos LGBT, que somos indígenas, sem-terra, sem-teto, que somos negros e negras, moradores de favelas, somos mulheres. Temos plena consciência de que levantamos as nossas vozes pois somos os excluídos e não compactuamos com esse “estilo” de vida social que nos é imposto.
Lutar é necessário e não conseguimos visualizar qualquer outra forma de atingir nossos objetivos que não passem por esse método: ocupar as ruas, nos manifestar e ir além disso, ocupar as galerias dos Parlamentos e pressionar. Participamos de eleições pois acreditamos na necessidade da mudança radical de nossa sociedade, mas isso não quer dizer que queremos o poder a todo custo, pois isso implicaria em ceder posições a grupos políticos que combatemos e fazer isso significaria se tornar apenas mais uma peça no jogo, ser mais do mesmo e seria extremamente incoerente de nossa parte.
Nossas ações são para além do pleito, acreditamos que política se faz todos os dias e ela está presente em todos os lugares e nossa campanha tenta despertar isso na população, o protagonismo, a crítica e a responsabilidade. Vamos além de simplesmente pedir votos, apontamos para mudanças estruturais em nosso sistema democrático que prova não ser tão democrático quanto dizem.
Quando abordamos o papel de um legislador, muito se surpreendem por defendermos o que pode parecer óbvio, que é a proposição de leis e fiscalização do poder executivo. A noção que a população (e mesmo alguns candidatos) tem de um deputado é de um agente público que deve trazer recursos para sua região de origem e isso é tratado como proposta. Na verdade isso é um problema. Nós contestamos esse modelo pois, embora esteja amparado em legislação que o parlamentar tem direito às emendas individuais, acaba por se tornar subterfúgio para o clientelismo.
Abordamos também que um mandato parlamentar deve ouvir as demandas do povo, deve estar assentado em pautas e isso significa manter um constante diálogo, realizar audiências públicas e utilizar-se da internet é necessário e isto culminaria em um mandato popular o que deveria ser a regra e não a exceção, pois todo o poder emana do povo e para o povo. Independente do resultado da eleição continuaremos na luta, combatendo o preconceito, o racismo, o machismo, a violência, pois não podemos conviver com o atual modelo de sociedade e simplesmente cruzarmos os braços, pois isto não nos faz neutros, mas nos faz culpados por todas as barbáries que ocorrem.
Alex Julio Barbosa (50.174) é candidato a deputado estadual pelo PSol no Paraná.