Em 2005, 11 skinheads foram presos em Curitiba por causa de uma série de agressões a homossexuais e negros na capital paranaense. A mídia nacional fez um verdadeiro circo, a polícia civil agiu rapidamente e apreendeu o grupo acusado de cometer diversos espancamentos, entre eles o de um rapaz, Willian, que foi atacado com uma tesoura e sobreviveu por pouco. A Lado A estava em seu primeiro ano e acompanhamos de perto o caso.
Na casa do líder do grupo foram apreendidas agendas, materiais nazistas e conteúdo homofóbico, até foto do filho de 3 anos do homem fazendo o cumprimento nazista. No grupo detido, a filha de um general do Exército, o sobrinho de um desembargador, pessoas de classe média alta, quatro menores, todas envolvidas em uma organização que nos anos seguintes foi reformulada e se envolveu em outros crimes. O caso acaba de prescrever pois foi entendido pela Justiça que se tratou de uma agressão e não tentativa de assassinato, assim o crime não pode ser julgado mais, segundo a lei brasileira. Ontem, dia 11, Eduardo Toniolo Del Segue, o “Brasil” foi liberado.
As vítimas, negras e pobres, não viram a Justiça. Os grupos de defesa dos homossexuais que acompanhavam o caso não se envolveram mais. A mídia se afastou. Apesar do bom trabalho da polícia, o sistema judiciário favoreceu mais uma vez a impunidade. Como não existe crime de homofobia para agravar, virou uma mera agressão, que pela lei brasileira, se a pessoa for réu primário, não leva nem a prisão. Este é o país que vivemos, que favorece os ricos, brancos e heterossexuais…