Incrível: Pastor faz carta de promessas se filhos forem gays e diz que vai rezar muito para que eles não sofram preconceito

O pastor John Pavlovitz, que há 18 anos serve sua comunidade em Raleigh, na Carolina do Norte, onde atua na North Wake House Church, escreveu no mês passado um sincero post em seu blog em que fala o que faria na possibilidade de um de seus dois filhos ser homossexual. O seu texto “Se eu tiver filhos gays: Quatro Promessas de um pastor/pai cristão” ganhou repercussão na internet e gerou milhares de comentários sobre o que ele escreveu. Não à toa, o texto é lindo e aborda uma polêmica. Pavlovitz é casado com Jennifer e é pai dos pequenos Selah e Noah.

O texto do religioso foi motivado por diversas denúncias de assédio moral e preconceito que pessoas confessaram que receberam de igrejas, pastores e membros da igreja. São histórias de exclusão, isolamento, de orações não respondidas, de terapias destrutivas, de tentativas de suicídio, e de ser ativa e passivamente expulsos de fé, por pessoas de fé, declarou ele.  “É por isso que eu faço o que faço; para que as pessoas que foram danificadas ou excluídas, sintam-se notadas, conhecidas e amadas “. 
 

Confira o texto na íntegra (Tradução Allan Johan para Revista Lado A):
Se eu tiver filhos gays: Quatro Promessas de um pastor/pai cristão
 
Às vezes eu me pergunto se eu vou ter filhos gays. 
Eu não tenho certeza se outros pais pensam sobre isso, mas eu faço; e com bastante frequência. 
Talvez seja porque eu tenho muitas pessoas gays na minha família e círculo de amigos. Está nos meus genes e na minha tribo. 
Talvez seja porque, como pastor de estudantes, eu vi e ouvi as histórias de horror das crianças cristãs gays, de dentro e fora do armário, tentando ser parte da Igreja. 

Talvez seja porque, como cristão, eu tenha que interagir com tantas pessoas que acham que a homossexualidade é a coisa mais repugnante que se possa imaginar, e que dizem isso bem claro em todas as oportunidades possíveis. 

Por alguma razão, isso é algo que eu penso freqüentemente. Como um pastor e um pai, eu queria fazer algumas promessas para você, e para os meus dois filhos agora…
 
1) Se eu tiver filhos homossexuais, todos vão saber. 
Meus filhos não serão o segredo mais bem guardado da nossa família. 
Eu não vou falar despistando sobre eles em conversas com os outros. Eu não vou falar em código ou linguagem vaga. Eu não vou tentar jogar areia nos olhos de ninguém, e eu não vou tentar poupar os sentimentos daqueles que podem ser mais velhos, ou facilmente ofendido, ou se sentirem desconfortáveis. 
 
A infância já é difícil o suficiente, e a maioria das crianças gays gastam toda a sua existência se sentindo horrivelmente e terrivelmente desconfortável. Eu não vou colocar aos meus em qualquer desconforto desnecessário, apenas para fazer um jantar de Ação de Graças um pouco mais fácil para um primo de terceiro grau com problemas de raiva. 
Se meus filhos forem sair do armário, nós vamos sair como uma família. 
 
2) Se eu tiver filhos gays, eu vou orar por eles. 
Eu não vou orar por eles para serem ‘normais’. Eu vivi o suficiente para saber que, se meus filhos são gays, este é o seu normal. 
Eu não vou orar para Deus curar ou mudar ou corrigi-los. Vou orar a Deus para protegê-los; da ignorância e do ódio e da violência que o mundo vai jogar com eles, simplesmente por causa de quem eles são. 
Vou orar a Ele protege-los de quem vai desprezá-los e desejar-lhes mal; de quem vai amaldiçoá-los para o inferno e colocá-los no Inferno, sem nunca conhecê-los. Vou rezar para que eles aproveitem a vida; que eles possam rir e sonhar, e sentir, e perdoar, e que amem a Deus e à humanidade. 
Acima de tudo, eu vou orar a Deus para que os meus filhos não permitam o tratamento sem Deus que possa vir receber de alguns de servos desorientados, que Ele os mantenha a segui-lo. 

 

3) Se eu tiver filhos gays, eu vou amá-los. 
Eu não quero dizer algo do amor distante, simbólico, tolerante que fica no comprimento de um braço seguro. Será um extravagante, de coração aberto, sem remorso, pródigo, um tipo de amor que causa vergonha na lanchonete da escola. 
Eu não vou amá-los apesar de sua sexualidade, e eu não vou amá-los por causa disso. Eu vou amá-los; simplesmente porque eles são doces e engraçados, e carinhosos, e inteligentes, e simpáticos, e teimosos, com falhas, e originais, e bonitos … e porque são meus. 
Se meus filhos são gays, eles podem duvidar um milhão de coisas sobre si mesmos e sobre o mundo, mas nunca irão duvidar por um segundo se ou não seu paizinho é exageradamente louco por eles. 
 
4) Se for ter filhos homossexuais, o mais provável; Eu já tenho filhos gays. 
Se os meus filhos vão ser gays, bem, eles praticamente já estão. 
 
Deus já os criou e fiou-os, e colocou a semente de que eles estão dentro deles. Salmo 139 diz que Ele “juntou-as no ventre de sua mãe”’. O material incrivelmente intrincado que os torna excepcionalmente eles; na história da alma, já foi carregado em suas próprias células. 
Por causa disso, não há um prazo em suas sexualidades para que sua mãe e eu possamos trabalhar o rumo fervorosamente. Eu não acredito que há alguma data de validade mágica se aproximando, época em que ela e eu precisamos de alguma forma fazer, ou dizer, ou orar apenas as coisas certas para levá-los a “virarem héteros”, ou para sempre perdê-los para o outro lado. 
Eles são hoje, simplesmente uma versão mais jovem do que eles serão; e hoje eles são muito danados.
 
Muitos de vocês podem estar ofendidos por tudo isso, eu estou plenamente ciente. Eu sei que isto pode ser especialmente verdadeiro se você é uma pessoa religiosa; aquele que acha todo esse tópico nojento. 
Como você está lendo, você pode ter passado os seus olhos, ou dado um clique no céu de sua boca, ou estar elaborando algumas escrituras familiares para me enviar, ou orando por mim para eu me arrepender, ou se preparando para ser rude comigo, ou para me descrever como um pecador, o mal, herege do inferno… mas, com tanta falta de gentileza e compreensão que eu possa reunir;  Eu realmente não poderia me importar menos. 
Isto não é sobre você. É sobre algo muito maior do que você. 
Não foi você quem eu segurei o fôlego por nove meses. 
Você não é quem foi motivo que eu chorei de alegria quando nasceu. 
Você não é o que eu dei banho, alimentei, e balancei para dormir em uma centena de sessões íntimas de ninar a meia-noite. 
Você não é aquele que eu ensinei a andar de bicicleta, e de quem os joelhos raspados eu beijei, e cuja pequena e trêmula mão eu segurei, ao receber pontos. 
Você não é aquele de quem a cabeça eu adoro cheirar, e cujo rosto acende iluminado quando eu chego em casa à noite, e de quem o riso é como música para minha alma cansada. Você não é aquele que dá ao meu dia significado e propósito, e que eu adoro mais do que eu jamais pensei que pudesse adorar. 
E você não é a pessoa que eu espero estar quando eu tirar meus últimos suspiros preciosos neste planeta; agradecido, olhando para trás uma vida de tesouros compartilhados e descansar na certeza que eu te amei bem. 
Se você é um pai, eu não sei como você vai reagir se você descobrir seus filhos são gays, mas eu rezo para que você considere. 
Um dia, apesar de suas percepções sobre seus filhos ou como você foi como pai, você pode precisar responder em tempo real a uma criança com medo, vulnerável e machucada; Àquele cujo senso de paz, identidade e aceitação; cujo o próprio coração, pode ser colocado em suas mãos de uma maneira que você nunca imaginou … e você vai precisar responder. 
 
Se esse dia chegar para mim; se meus filhos um dia saírem do armário para mim, este é o Pai que eu espero que ser para eles.

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa