Papa Francisco removeu do Vaticano cardeal conservador que se opôs à inclusão dos gays

 O cardeal Raymond Leo Burke, dos EUA, até então presidente do Supremo Tribunal Canônico, foi removido do cargo no último dia do Sínodo dos Bispos no Vaticano, na semana passada. Autor de livros sobre casamento e pontos de vista que pregam os valores mais conservadores da Igreja, e forte opositor das mudanças propostas no Sínodo pelo papa Francisco, foi ele quem liderou que o debate do encontro não alterasse ou abrandasse a relação da Igreja com os fiéis homossexuais, como vinha caminhando o diálogo.

Foi por manifestação de Burke e da ala mais conservadora que o documento do Sínodo não incluiu maior apoio à comunidade homossexual. Em entrevistas durante o evento, ele chegou a afirmar que o primeiro relatório deveria ser alterado (de fato a tradução chegou a ser modificada) e foi retirada a idéia de “boas vindas” aos homossexuais. Ele chegou a afirmar que o papa não é livre para alterar os ensinamentos da Igreja “em relação à imoralidade dos atos homossexuais ou à indissolubilidade do casamento”.

Popular nos EUA, o cardeal deve assumir agora a presidência da Ordem Soberana e Militar de Malta, a Ordem de Malta, que presta assistência e proteção aos peregrinos, sediada em Roma.  O cargo de patrono é uma espécie de cargo diplomático, e foi visto como um afastamento elegante do religioso do centro político do Vaticano. Não foi a primeira vez que o papa afastou da Cúria conservadores colocados lá por Ratzinger, Bento XVI. A renovação do Vaticano se mostra urgente se Francisco quiser mesmo reformar a linha de pensamento da Igreja. A saída do cardeal do cargo já era aguardada.

 

 
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