No último debate do primeiro turno da corrida ao Governo do estado do Paraná, da RPC TV, afiliada local da Rede Globo, na noite desta terça-feira, o candidato à reeleição, o governador Beto Richa fez uma insinuação machista e homofóbica direcionada ao candidato e senador Roberto Requião. O governador, depois de ser elogiado ironicamente pelo opositor, que deve ir a segundo turno com ele, disse: “Requião tem me elogiado muito, disse que me estou bem vestido, elogiou a minha cor de pele, até agora eu vinha levando na brincadeira, mas começo a achar que ele quer alguma coisa comigo”.
A piada infantil, exemplo clássico de bullying escolar, contrasta com o que se espera de um governador e até com o fato de o governador ter chamado outro candidato de “moleque”. A “brincadeira” seria algo típico do ex governador, Requião, que conhecido por sua intempérie, não revidou e ignorou o bullying.
É fato o passado homofóbico das falas de Requião, mas tanto ele quanto Beto Richa já foram eleitos em listas da Lado A como Inimigos públicos dos gays (Requião pelo histórico pesado de piadas no passado e Richa por se manifestar contra o casamento homoafetivo nas últimas eleições e não atender as demandas da comunidade enquanto prefeito, em seis anos nunca tendo ido à Parada Gay, mas foi na Marcha para Jesus, e nem como governador). A diferença é que Requião passou a se policiar publicamente e até assinou um termo de compromisso com a comunidade gay nas últimas eleições, enquanto Richa continua a reverberar piadas de mau gosto, que estimulam o preconceito e o machismo, e a ignorar a comunidade gay. Aliás, Requião deixou implementada a criação de um conselho LGBT na Secretaria de Justiça do Paraná que o governo Richa conseguiu enrolar por quatro anos e ainda não tirou o projeto do papel.
O debate foi marcado pela falta de decoro e muitos ataques, com os candidatos Requião e Gleisi Hoffman em trégua e atacando Beto Richa que fugiu do embate com tiradas irônicas e contra-ataques. O Paraná merece mais do que esses candidatos, com certeza.