20% das empresas brasileiras não contratariam homossexuais, diz pesquisa

Um estudo da empresa de recrutamento on line Elancers, aponta que 1 em cada 5 empresas não contrataria homossexuais, sobretudo para cargos executivos representativos. A pesquisa feita com 10 mil empresas, por meio de 2.075 recrutadores, a maioria mulheres, 75%, metade entre a idade de 26 e 35 anos, ou seja jovens, concluiu que o Brasil ainda está atrás de muitos países no quesito respeito ao trabalhador.
 
As empresas temem que o profissional homossexual “manche” a imagem da instituição, mas há setores que homossexuais não apenas são aceitos como ganham destaque como design e moda. A pesquisa também aponta que as lésbicas sofrem maior rejeição do que os homens e mulheres heterossexuais nesses setores.

“Embora a legislação brasileira proíba as empresas de dizerem que determinada vaga é para homem ou mulher, o que poderia caracterizar uma discriminação de gênero, o fato é que algumas empresas estão sim preocupadas com a sexualidade de seus empregados”, alerta Cezar Tegon, presidente da Elancers.

Na pesquisa, 7% responderam que não contratariam de “modo algum” homossexuais para trabalharem em suas empresas e ainda 11% não os contratariam para cargos executivos. Quase um quinto das empresas não contrataria homossexuais no país, um número alarmante, tendo em vista que a pesquisa pode ter encontrado apenas a parcela daqueles que admitem a exclusão, e ainda que poderiam colocar a homossexualidade do candidato na balança na hora de uma seleção com outros candidatos heterossexuais.

Além da suposta preocupação com imagem da empresa, o preconceito surge principalmente nas relações de ambiente de trabalho. Um profissional machista aceitaria ganhar menos do que uma mulher ou um homossexual? Obviamente não. O que chama atenção na pesquisa é que os recrutadores por vezes tem noções de psicologia e administração, sabem que um profissional homossexual é igual aos outros, mas preferem uma contratação sem riscos já serão responsabilizados por qualquer eventual erro se o perfil do candidato e seu desempenho não forem satisfatórios.

Por isso, apostam depois de avaliar os currículos: branco, heterossexual, jovem e simpático. Se o gay com essas características não se identificar como gay, passa… mas terá que se esconder no armário por alguns anos ou se mostrar mais competente ou prestativo, como se precisasse compensar a sua sexualidade com trabalho ou outra qualidade. 

No Reino Unido, uma recente pesquisa da Anglia Ruskin University, de Cambridge, aponta que a taxa de rejeição de profissionais homossexuais chega a 39%. E é de 42% às lésbicas. No experimento, candidatos com currículo idênticos a uma vaga de trabalho assinalavam seus interesses. Alguns se diziam membros de organições ambientais, outros de organizações LGBT. Os LGBTs foram mais rejeitados. A pesquisa aponta ainda a existência de uma “contratação tendenciosa” onde as empresas dizem não ter preconceito mas ele está lá.

Prova clara é o CEO da Apple, Tim Cook, que apenas depois de dois anos no cargo assumiu publicamente que era homossexual. Responsável por uma das melhores fases da empresa, ele afirmou recentemente que ser gay faz parte de quem ele é o fez chegar onde está. Apesar de todas as políticas inclusivas da empresa, ficou claro que o cargo representativo faz exigências desumanas e foi preciso tempo para testar o mercado. No fim, Cook saiu do armário e abriu caminho para executivos gays em todo o mundo, apesar das gritarias que sua nomeação causou.

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa