Com artistas, polêmica e confusão, Parada Gay de São Paulo continua a maior do mundo

O evento nascido originalmente para comemorar a revolta de Stonewall Inn em 1969, quando gays resistiram por três dias contra a violência e homofobia policial em Nova York, reagindo pela primeira vez de forma organizada contra a repressão e preconceito, inaugurando o movimento gay moderno, teve mais uma edição na Avenida Paulista neste Domingo. A 19ª. Parada do Orgulho Gay de São Paulo que teve como tema “Eu nasci assim, eu fui sempre assim… me respeite” teve 18 trios, um deles do canal e patrocinador Netflix que trouxe atores americanos de suas séries para o evento que apoiou pelo segundo ano. O carro do canal de streaming que contaria com a funkeira Valeska Poposuda sofreu o desfalque da artista que não conseguiu chegar ao local a tempo. A cantora Wanessa desfilou em um dos trios e depois de apresentou no show de encerramento do evento na Praça da República. A empresa Motorola gerou sinal Wi Fi de internet gratuita durante o evento. Funcionários da Google também marcaram presença novamente no evento que reuniu mais de 2 milhões de pessoas este ano, firmando-se mais uma vez como a maior Parada Gay do planeta.

Pessoas de todos os tipos e orientações sexuais participam do evento todos os anos mas a mídia como sempre deu sempre destaque para as drag queens, transexuais, travestis, homens sarados sem camisa e parte da comunidade repete que  evento virou um Carnaval e perdeu seu propósito. O esforço da organização para manter o caráter de protesto do evento e de muitos participantes garantiu que pautas importantes como a criminalização da homofobia, a homofobia religiosa, as questões de gênero não ficassem de fora do evento. Os altos índices de assassinatos de LGBTS por conta de sua identidade sexual, seja direta ou indiretamente, foi uma das maiores cobranças feitas no evento, que pediu mais uma vez a criminalização urgente destes crimes de ódio.

Cartazes de ativistas independentes eram vistos em todos os eventos com humor ou reivindicações somaram-se as vozes que pediam por igualdade e celebravam a data especial do Dia do Orgulho Gay, 28 de junho. Brigas e furtos mais uma vez marcaram o evento, apesar do forte policiamento. O evento teve um incidente de dispersão policial com bombas de efeito moral e correria por volta das 21 horas, apesar da liberação das ruas próximas a Consolação e limpeza da via ter ocorrido bem antes. A imagem de uma travesti seminua coberta de tinta vermelha e crucificada com um cartaz lembrando as mortes dos LGBTs no país com os dizeres “Basta Homofobia LGBT” foi uma das imagens mais emblemáticas do evento.

Pastores evangélicos já criticaram o protesto, como em todos os anos, e tudo parece que foi igual apesar do menor investimento da prefeitura da capital paulistanesta edição. Mais uma vez transexuais, travestis e lésbicas reclamaram que o evento destaca as demandas da comunidade gay e tira visibilidade das outras causas. Muitos gays preferiram aproveitar as baladas e ignoraram o evento, mas a data mais uma vez foi celebrada com sucesso e de maneira mais organizada e sem incidentes trágicos. 

O grande destaque deste ano foi que antes do evento a mídia ressaltou que “apesar da crise”, a lotação de hotéis se manteve alta, próxima de 90%, e que a Parada traria grandes somas para a cidade. Estima-se que o evento gerou 60 milhões de reais de movimentação durante o final de semana.

Fotos: Cesar Ogata/SECOM

 

 
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