Morar em uma cidade grande nos permite maior liberdade. Soma-se a isso o fato de que o mundo gay sempre foi exposto demais. Então, a meu ver, tudo o que há para saber dos gays de São Paulo, já sabemos. E, por mais que achasse que esse texto não traria nenhuma novidade, perguntei a opinião de 24 gays sobre o assunto. Sim, achei 24 um número “cabalístico”!
Recebi respostas engraçadas e até desabafos. E o veredito não ficou muito aquém da imagem usual dos homossexuais: tem a ver com sexo. Aliás, tem a ver até com a trama da novela “Verdades Secretas”: sexo, drogas, traição e amor.
Ilustração por Rafabr
Verdades ou mentiras?
Para a maior parte dos entrevistados, os gays da cidade guardam segredo sobre esses três pontos principais:
1. Ir à sauna e não assumir. Que fique claro: essas idas não são para tomar bons drinks com a Luísa Marilac (até porque ela não trabalha mais na famosa sauna gay aqui em SP).
Talvez escondam isso porque para muitos é reconhecido como coisa de quem não se deu bem na balada, de quem não é desejável o bastante para conseguir sexo em outro lugar… Sei lá!
2. “Baixar apps de pegação, se fazer de santo e recriminar quem usa” e “namorar e trair”.
Deu empate na segunda colocação… Gente, pelo visto, o povo gay de Sampa é tudo “falsiane”! Qual a dificuldade em assumir que busca pegação em app? E se você não faz qual a dificuldade em respeitar quem faz?
Mas o mais queima filme é estar em um relacionamento sério e trair. Diz que tem quem traia por medo de ser traído (Freud deve explicar, mas deu preguiça de buscar no Google por essa explicação). Tem até quem é comprometido, mas não divulga que é para parecer solteiro e poder galinhar… E os que mandam nudes e são bem explícitos em detalhes sobre o que querem fazer com outro que não o parceiro.
Pois é, pelo visto, o povo gay de São Paulo é “trailane” também.
3. “Fazer bareback”, “dark room” e ‘banheirão” aparecem logo em seguida, na opinião dos meus entrevistados (ui, me senti a Marília Gaybriela).
Para mim, transar sem camisinha é o mais grave desses três, pois mentir/esconder isso pode trazer consequências trágicas não só para quem opta pela omissão. Sendo mais objetivo: isso propaga a transmissão de DSTs, o que não é nada bacana.
Realmente, não conheço ninguém que assuma fazer “dark room” e “banheirão”. Mas (aqui vai minha verdade secreta), me tranco na cabine e fico bem irritado com os gays que caçam nos banheiros da vida… Nunca consigo urinar no mictório sendo observado por terceiros. Deixem-me urinar em paz!
Além desses três itens, houve respostas indicando que os homossexuais de São Paulo guardam segredos sobre gostar de sexo escatológico; escondem a passividade (bitch, really?); fingem timidez para fazer tipo (coisa de “falsiane”, hein!); fazem a linha “no drugs” e se drogam para valer; há quem não saia do armário; dizem não ter preconceitos mas têm inclusive com gays (acho que isso não é segredo) e, finalmente, as respostas que se referem ao amor: muitos querem amar, mas para não parecerem trouxas, agem como pegadores na balada, e muitos amam em segredo, por preferir a vida promíscua que é mais livre.
Existe amor em SP?
Pois é, parece que o Criolo estava certo e o Lázaro entendeu muito bem: não existe amor em SP porque os gays preferem bater cabelo na boate!
Viu-se em vários desses “segredos”? Só não tem como te defender se realmente esconder tudo isso. Seja você mesmo e quem tiver que te amar que te ame como és. Até porque, a vida não é Big Brother Brasil, mas uma hora as máscaras caem.
Verdades
Preciso confessar, achei essas verdades mais broxantes do que secretas. Prefiro ficar com as respostas mais brandas que recebi: aparentemente, alguns gays daqui têm ator pornô favorito, o seguem no Twitter e no Instagram, mas não contam; escondem que compram em lojas de departamentos populares e ouvem Raça Negra enquanto lavam a louça!
Se São Paulo representa o Brasil, para muitos nada do que escrevi aqui é novidade. Mas sempre existe quem esteja descobrindo essas coisas agora.
Então, não se assuste novinho: o povo gay de São Paulo é realmente ‘cheio de manias’. Algumas ficam em segredo, mas sabemos das coisas: a louça fica muito mais limpa quando embalada por grandes hinos como os da banda Raça Negra!
Leandro escreve para o doqueosgaysgostam.com. Depois de escrever esse texto, seguiu a playlist do “Raça Negra” no Spotify e está aguardando a próxima leva de louça para dar play.