Sem aulas sobre diversidade sexual, escolas ainda são espaço de preconceitos

A pesquisa “Juventudes na Escola, sentidos e buscas: por que frequentam?”, realizada através de uma parceria entre a Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais, a Organização dos Estados Ibero-americanos e o Ministério da Educação, aponta que cerca de 20% dos estudantes não gostariam de ter um colega homossexual ou trans em sala de aula. A pesquisa afirma ainda: “a homofobia é um dos principais tipos de preconceitos nas escolas”.
 
Nela, percebe-se que a percepção entre as mulheres e os homens é distinta. Elas tendem a rejeitar mais bagunceiros, puxa-sacos e egressos de unidades prisionais, oferecendo uma maior aceitação às sexualidades que fogem da normatividade. Já entre os rapazes, cerca de 31% afirmam ter problemas em ter um homossexual, travesti ou transexual na mesma sala. 
 
O preconceito maior é com travestis, cerca de 7,1% dos jovens afirmaram que não gostariam de as ter como colegas de classe. 5,3% disseram o mesmo sobre homossexuais. 4,4% sobre transexuais e 2,5% sobre transgêneros (aqui fica a dúvida se os entrevistados entendem, em sua complexidade, o conceito de pessoa transgênera e sua diferenciação com transexual). A pesquisa traz outro dado preocupante: mais da metade, 58,8%, afirmam ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esse dado é bastante contraditório, uma vez que, logo em seguida, 82,4% dos entrevistados afirmaram ser a favor de programas contra o preconceito nas escolas. 
 
Um dos pontos mais marcantes da pesquisa é a reunião de depoimentos dos alunos sobre a homossexualidade. A maioria afirmou que suas escolas não contam com um modelo de atuação contra esse tipo de preconceito, assim como não há uma punição explícita. “ Na escola a gente é julgado também. Assim, na minha sala mesmo, tem gente que eu sinto que não está gostando da minha presença lá. “Eu falo a verdade, eu sou, eu não tenho aquela coisa que eu vou me guardar. É uma coisa assim que tem que ser conversado bastante na escola. Porque às vezes a pessoa fala assim: – “Ah, eu não sou”, mas na realidade é. Aí o professor começa a debater, criticar quem é homofóbico. A gente sabe a diferença de quem te aceita e de quem não te aceita”, revela um jovem do Grupo Focal de Ensino Médio de Cuiabá.
 
Os participantes afirmaram ainda que o debate sobre a diversidade sexual não acontecem em suas escolas e que, mesmo que acontecesse, a homofobia aconteceria da mesma forma: “Acho que é bom falar sobre homossexualidade na escola. Mas teriam pessoas que não iriam entender. Por exemplo, os homossexuais aqui da escola não sei se sentiriam ofendidos, por que vamos supor numa classe de quarenta e cinco alunos dois, três é a favor do homossexualismo. O restante é contra, por exemplo. Tem pessoas que não iriam saber respeitar, então gera um confronto maior”.
 
Ao que tudo indica, os entraves para desconstruir o preconceito dentro da escola são a falta de aulas de diversidade sexual e de políticas educacionais contra a discriminação. 
 
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