Homem que jogou água escaldante em casal gay pode ser enquadrado na lei federal de crimes de ódio

Um caso brutal de homofobia chocou os Estados Unidos. Martin Luther Blackwell, 48, jogou água fervendo no filho da sua namorada e no namorado do enteado. Segundo Blackwell, o motivo foi ele não tolerar que dois homens durmam na mesma cama juntos. O crime aconteceu no estado da Geórgia, nos Estados Unidos, onde não há leis anti-homofobia e nem que penalizem crimes de ódio. Dessa forma, ele responderia apenas por lesão corporal grave, mas o FBI já iniciou uma investigação para enquadrá-lo nas leis federais de crime de ódio. 
 
O caso
Anthony Gooden, 23, e Marquez Tolbert, 21, trabalhavam juntos em um armazém e mantinham um relacionamento homoafetivo. No dia 12 de fevereiro, os dois rapazes dormiram juntos na casa da mãe de Gooden. Perto das 7 horas da manhã, enquanto todos ainda dormiam, o namorado da dona da casa chegou e se deparou com os garotos dormindo na mesma cama. Ele diz que não podia tolerar que aquilo acontecesse na sua frente, então pegou a água que estava fervendo e derramou nos dois rapazes.
 
Eles acordaram com a água corroendo suas peles, começaram a gritar descontroladamente e, quando se deram conta do que estava acontecendo, correram para a rua e pediram ajuda para os vizinhos. Mesmo com a dor penetrante, chamaram a polícia e foram socorridos no hospital mais próximo. Tolbert ficou no hospital por cerca de 10 dias, enquanto Gooden só ganhou alta cinco semanas depois. 
 
A dor
A dor de não ser aceito, aqui, não se compara a nada pela dor física que os dois jovens sentiram. O jovem de 23 anos conta que a dor era intensa durante as 24 horas do dia e não havia medicamento que aliviasse. Por conta disse, ele afirma que conseguiu dormir, no máximo, 10 horas ao longo da semana toda, menos de duas horas por dia. Uma vaquinha eletrônica na plataforma GoFundMe está sendo realizada para ajudar os jovens com a medicação para dor. Cerca de $70 mil dólares já foram arrecadados. 
 
O crime
No estado da Geórgia não há nenhuma lei específica que criminalize a homofobia, portanto, Blackwell não está sendo acusado por nenhum agravante de ódio. Pela legislação de lá, ele está apenas sendo processado por lesão corporal grave, o que não condiz com a tentativa de assassinato e nem a motivação do crime. Entretanto, o FBI anunciou nesta semana que abriu um inquérito federal para investigar o incidente. Dessa forma, a instituição vai analisar se o estatuto de crime de ódio federal se aplica nesse caso e se ele pode ser processado em instância maior pela lei Matthew Sheppard. 
A exemplo da Geórgia, o Brasil não conta com uma lei para crimes de ódio por homofobia e crimes como este – com requintes de crueldade – são comuns por aqui. No ano passado, em Curitiba, uma transexual foi atacada e incendiada viva. Rebecca morreu depois de dois meses no hospital. 
 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa