“Eu não queria ser gay”, diz homem belga que quer morrer por eutanásia

A depressão e a homofobia internalizada talvez expliquem porque Sebastién, um belga de 39 anos, quer morrer. Na Bélgica a eutanásia é legal em casos sem solução médica até para crianças, mais de mil e duzentas pessoas recorreram ao comitê que regula as eutanásias no país no ano passado. O homem relatou viver em grande sofrimento incurável desde criança e quer que seja aplicada nele uma injeção letal. O curioso caso foi noticiado este mês pela BBC.
 
 “Sempre pensei na morte. Desde as minhas primeiras recordações, sempre esteve presente. Isto é um sofrimento permanente, é como estar prisioneiro no próprio corpo”, afirma Sebastién. Ele conta que a mãe teve demência e que ele não se considera estável, tem medo de sair e se sente sozinho.
 
Aos 15 anos ele se apaixonou por outro rapaz mas nunca se aceitou. Aos 19 e 22 anos ele se apaixonou novamente por rapazes mais novos. A situação segundo ele é que não aceita o fato de ser gay e que prefere morrer a ser gay. “Eu não queria ser gay”, repete o rapaz que sente “vergonha e cansaço” por se sentir “atraído por gente por quem não me devia se sentir atraído”.
 
Apesar das alegações de Sebastien, membros do comitê de eutanásia não acreditam que ele seja um caso aplicável da lei pois não sofre de doença psíquica. Para o médico e professor Gilles Genicot, membro do comité de revisão da eutanásia, “é muito provável que ele tenha problemas psicológicos relacionados com a sua sexualidade”. Mas o caso pode ser julgado pelo comitê.
 
“Para mim é só uma anestesia”, diz Sebastién que afirma que deixará a decisão final para sua família. Talvez o que ele queira ouvir é apenas que pode ser aceito.
 
 
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