Professor que deu aula como drag queen no Paraná recebe 90% de rejeição na internet

O professor de Português do cursinho pré-vestibular da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel, Jonathan Chasko, ministrou suas aulas do dia 17 de maio montado como uma drag queen. O objetivo era trazer à tona questões sociais referentes à comunidade LGBTQ, uma vez que nesse dia se comemora o Dia Internacional de Combate à Homofobia. Apesar de a resposta ser positiva em sala de aula, uma pesquisa realizada pela Opinion Box e Hekima aponta que 90% dos internautas rejeitam a iniciativa, em uma clara demonstração de incompreensão sobre a cultura queer. 
 
A proposta ganhou forma na aula sobre “artigos definidos e indefinidos” que Chasko deu espaço para a sua drag queen Sofia Ariel, que usa barba. Ela conta que a reação inicial foi de completa surpresa por parte dos alunos, mas ao começar a falar sobre o conteúdo e mesclar com rotinas e histórias vividas por drag queens, os estudantes começaram a se soltar e fazer perguntas voluntariamente. Ao menos os alunos aprovaram a intenção do professor.
 
Diversas fotos foram compartilhadas nas redes sociais e Sofia estampou várias notícias na internet. Em seu perfil pessoal, Jonathan conta que não encontrou muitas mensagens negativas, sendo a maioria parabenizando-o pela iniciativa. Entretanto, a pesquisa cita anteriormente aponta que, de forma ampla, o compartilhamento da notícia veio acompanhada de comentários negativos. A primeira análise foi realizada através da pesquisa de postagens com termos como homofobia, homossexualidade, homossexualismo, etc. Mais de 53 mil posts foram lidos e analisados. Dentre eles, o compartilhamento da notícia do professor se destacou.
 
“Quando as pessoas são colocadas diante de alguma situação que as tira da zona de conforto, o comportamento se torna menos tolerante (…) Mais de 90% dos comentários, na ocasião, condenavam a atitude. Os argumentos mais comuns remetiam à necessidade de ‘a escola se ater aos conteúdos e matérias obrigatórios’ e também à Bíblia, que segundo usuários, condena a homossexualidade”, revela a pesquisa. 
 
Em paralelo, outra pesquisa foi realizada entrevistando cerca de 1500 pessoa de todo o país. A pergunta dizia respeito ao nível de aceitação dos pais caso descobrissem que o professor do filho é homossexual. 64% afirmaram se sentirem confortáveis com isso. Apesar de haver um leve equívoco da pesquisa em relacionar a aceitação com a orientação sexual e uma questão de gênero, ela parte do princípio de que a sociedade considera que tudo está no mesmo pacote – o que aparenta ser verdade. 
 
“Entendemos que a diferença entre os dois estudos se deve às características básicas de cada um: o questionário faz o respondente refletir sobre o assunto, o que aumenta a probabilidade de as pessoas darem respostas socialmente desejáveis, mas que vão de encontro às suas reais opiniões, enquanto as redes sociais se caracterizam por ser um ambiente em que a espontaneidade prevalece”, explica Felipe Schepers, COO da Opinion Box. 
 
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