O holocausto gay em andamento no mundo e que ninguém fala nada

Durante o início do século XX, o nazismo, encabeçado por Adolf Hitler, perseguiu, prendeu e matou milhões de judeus, milhares de ciganos, negros e homossexuais na Europa toda. Os números estimados envolvendo os homossexuais variam de 5 mil mortes a 15 mil, incluindo o líder da primeira milícia Nazi, homem de confiança de Hitler, Ernst Röhm. A perseguição acontecia porque os homossexuais manchavam a integridade do Nacional Socialismo, uma vez que não reproduziam e não perpetuavam a raça ariana. Não de forma tão agressiva e declarada quanto no século passado, mas o mundo encontra-se em um holocausto gay. Há quem se pergunte com base em quê existe essa afirmação sendo que nada é falado.
 
Primeiro, podemos considerar o número de mortes de pessoas LGBTs no Brasil e no mundo. Só no Brasil, 318 homossexuais foram assassinados em 2015. Os dados são do Grupo Gay da Bahia, que fazem as estatísticas através do mapeamento de notícias, o que mostra que os dados podem não ser totalizantes. Outro fator é a perseguição de grupos religiosos à comunidade LGBT, como é o caso do Estado Islâmico, que só entre janeiro e junho de 2015, mataram 23 jovens atirando-os de cima de prédios públicos. Em 2016, assumiram a autoria do ataque à balada gay de Orlando, a Pulse, onde 49 pessoas foram assassinadas por um terrorista. 
 
O Estado Islâmico ocupa um território escolhido por eles para defender os princípios do islamismo. O extremismo das suas ações pune com morte qualquer homossexual. Todas as penas de mortes são registradas em vídeos que são compartilhados por simpatizantes e homofóbicos do mundo todo. As áreas de controle são da Síria e Iraque, mas como vimos pelo ataque nos Estados Unidos, eles estão por todo o Globo. 
 
E não é só o Islamismo, muitas vertentes proíbem a prática homossexual, possibilitando que países criminalizem a homossexualidade. Exemplo disso é a notícia que demos, recentemente, do pastor de uma Igreja Evangélica na Bahia que pendurou placas na fachada do seu templo incitando a morte de homossexuais. 
 
Os discursos religiosos pouco diferem do discurso nazista. O sexo entre homens não é permitido pelo mesmo motivo: não há a possibilidade de reprodução da espécie, apenas prazer. Inclusive, outro fator condenado tanto pelas religiões quanto pelo nazismo é a masturbação. Outro ponto em comum é o ultranacionalismo, a direita extrema que evoca a supremacia de uma parcela da sociedade sobre a outra. Ou seja, os discursos caminham muito juntos.
 
Rússia, Maldivas, Tanzânia, Qatar, Sudão, Serra Leoa, Nigéria, Emirados Árabes, Irã, Somália… A lista de países que penalizam a homoafetividade é interminável. Em seis dele, a pena de morte por ser homossexual é uma cruel realidade. Então, sim, estamos vivendo um holocausto gay, onde o grupo dos aliados que luta para reverter esse processo é a própria comunidade LGBT, pois o mundo se cala a este absurdo. 
 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa