O machismo é um preconceito institucionalizado na nossa sociedade. A supremacia e valorização do homem macho está presente nas relações de dominação e poder em qualquer meio social, inclusive no LGBT. Os registros de violência contra homossexuais, transexuais e travestis mostram que as principais vítimas são as bichas afeminadas ou pessoas que rompem as normatizações de gênero.
O Grupo Gay da Bahia é uma ONG que se presta a registrar o número de vitimas LGBTs no Brasil por ano, além de outros serviços. Em 2015 foram 319 mortes. Já em 2016, o número já passou de 180, sendo a maioria das vítimas gays (93), travestis (38) e mulheres trans (28). Entre os homossexuais do sexo masculino assassinados, encontram-se perfis bastante comuns: o cabeleireiro, o afeminado, o “viado”, o que usa roupas que não parecem masculinas.
Para não ficarem dúvidas, o machismo é uma filosofia/sentimento social que supervaloriza os aspectos físicos e culturais masculinos em detrimento aos associados às mulheres. A história prova, através das hierarquias de gênero socialmente construídas, que o machismo imperou na submissão e opressão das mulheres, dos homossexuais e dos afeminados.
Quando você entra em um aplicativo de relacionamento gay e encontra frases como “curto caras discretos”, “em busca de machos e discretos” e “não aos afeminados”, esse pensamento traz resquícios do machismo que existe dentro da comunidade LGBT. O mesmo machismo, sem tirar e nem por, que dá respaldo para os opressores que fazem bullying com crianças mais afeminadas no colégio ou mesmo, ou para os discursos de ódio de pastores no Congresso e na mídia nacional.
Está claro que o machismo e a homofobia andam juntos. O site “Quem a homofobia matou hoje?” traz um compilado das notícias sobre as vítimas de violência LGBTfóbica do Brasil. Basta uma rolagem pela primeira página e apenas uma olhada para as fotos das vítimas que o traço comum de aspectos considerados femininos são identificados. Cabelos pintados, sobrancelhas feitas, brincos, cabelos compridos e profissões ligados à prostituição e cabeleireiros são dados comuns nas reportagens. Mais uma vez, a sociedade precisa de um estereótipo para matar.
O padrão aceitável é o homem masculino branco, e tudo que foge disso é considerado um desvio. É por isso que os afeminados, as travestis e as transexuais são as principais vítimas de crimes de violência. Porém os homossexuais “discretos” não estão fora do alcance da homofobia e representam grande parte dos crimes também.