Quem achava que o Papa Francisco era uma pessoa iluminada com os pensamentos modernos sobre sexualidade e gênero, está muito enganado. Em uma reunião com bispos poloneses, na Cracóvia, na semana passada, que teve teor revelado nesta segunda-feira, 2, o Papa se colocou contra o ensino sobre gênero nas escolas do mundo todo e afirmou ainda que essa “colonização ideológica”, como explica o ensino sobre gênero, é responsável pelo “aniquilamento do homem como imagem de Deus”.
Em clara discordância, Francisco falou que há um movimento mundial de “colonização ideológica” e o nomeou como gênero. Ele lamentou as escolas ensinarem às crianças a liberdade sobre o gênero e suas expressões. Segundo ele, isso acontece porque as grandes empresas, detentoras do capital mundial, financiam isso ao investir em literatura e conteúdo sobre o tema.
Sem se aprofundar no tema, o Papa afirmou: “Hoje as crianças – as crianças! – na escola se ensina isso: que cada um pode escolher o sexo. E por que ensinar isso? Porque os livros são daquelas pessoas e instituições que lhe dão dinheiro. É a colonização ideológica, também apoiada pelos países influentes. E isso é terrível”.
É uma grande hipocrisia a Igreja lamentar qualquer tipo de colonização, visto que a pregação da sua filosofia é uma forma de colonização ideológica. Outro fator é que o Papa Francisco demonstrou não ter conhecimento sobre as teorias e estudos de gênero, além de fazer inferências machistas ao afirmar que transexuais estão ferindo a imagem de semelhança de Deus.
Gênero é uma construção social e cultural, com concepções e expressões muito influenciadas pelo conservadorismo da religião católica. As teorias de gênero apresentam uma nova proposta de liberdade de expressão social e cultural, apontando o corpo como um ato político. O que a Igreja não aceita é a tentativa de desconstrução do patriarcado. E isso é um sinal que o Papa Bento XVI já vinha apontando.