Viciados em aplicativos gays: dependência ou mudança de padrão?

Historicamente a comunidade gay tem dificuldade em se relacionar sem algum intermediário, seja tecnológico, um espaço físico ou até mesmo alguma instituição. Tudo por conta do preconceito e do fantasma do armário. Dessa forma, os aplicativos de relacionamento entre homens surgiram com muita aceitação e, desde então, viraram febre entre os jovens. Eles são usados desde para relacionamento até para sexo casual.
 
Uma questão levantada, entretanto, é a dependência de muitos gays desses aplicativos. Um aspecto comum é que os jovens usam uma variedade desses apps, como o Tinder, Scruff, Grindr, Hornet, Happn e Once. Perfis que pedem discrição e sigilo são bastante comuns, claramente com medo de sair do armário e do preconceito que podem sofrer da sociedade.  Em média, um usuário destes aplicativos passa mais de uma hora e meia navegando nos aplicativos, entre diversas checagens diárias em seus perfis. Há indícios de que há sim pessoas dependentes destes aplicativos.
 
O livro “Além do Carnaval”, de James Green, traz uma análise antropológica de como a comunidade homossexual se organizava socialmente e geograficamente no Rio de Janeiro. Como não havia aplicativos no século passado, era perceptível que a comunidade precisava de espaços geográficos para encontrar e conhecer pessoas para se relacionar. O Cine Iris e a Praça Tiradentes eram marcos.
 
Portanto, não podemos dizer que se apoiar em aplicativos de relacionamento seja uma mudança de padrão. Entretanto, com as mudanças consideráveis pelas quais a sociedade brasileira passou, esse relacionamento da comunidade já não precisa mais de muletas, ou seja, o uso exacerbado desses aplicativos demonstra uma clara dependência e vício dos jovens, que vivem em relações mais instantâneas e menos aprofundadas.  
 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa