E o club 1007 Floripa foi mais uma vez palco de um incidente de homofobia que deixou os frequentadores revoltados. Desta vez, um gay recebeu um soco após mostrar o dedo do meio para um cliente que estava xingando e ofendendo um grupo de gays no local autointitulado “alternativo”. A história se repete: gays são agredidos e a casa retira os gays, negam apoio alegando não ter presenciado o ato de homfobia e depois que a situação sai do controle agem com mea culpa e prometem mudança. Desta vez a casa, que tem filiais em Balneário Camboriú (no Verão), Rio de Janeiro e São Paulo, chegou a dizer que parte das críticas vem das “inimigas”, como feito anteriormente. A 1007 recebeu uma chuva de críticas, avaliações negativas e sofre ameaça de boicote.
Segundo o cartaz do programa “Respeito no Rolê”, lançado pelo grupo 1007, nenhuma forma de preconceito seria tolerado no local e a equipe estaria preparada para agir.
RELATO DO RAPAZ AGREDIDO NO 1007 NO FACEBOOK:
Moisés Bernardino para 1007 Floripa
17 de maio às 13:29
Demorei pra postar porque estava muito angustiado com tudo que aconteceu, no sabado passado dia 13 de maio de 2017 eu estava no 1007 com meus amigos quando um deles olhou pra um cara que ele achou bonito e esse cara que era hetero veio gritar na cara do meu amigo dizendo VAZA DAQUI SEU VIADO. Meu amigo obviamente ficou incomodado e foi falar com o segurança da casa pra contar o que tinha acontecido e que aquele hetero era homofobico e o segurança disse que não viu nada, portanto não podia fazer nada.
Até que eu passei perto do tal hetero e ele gritou na minha cara “Seus viadinhos, ficaram com tanto medo que foram chamar o segurança” então a minha reação foi de mostrar o dedo do meio pro tal hetero e foi quando ele me deu um SOCO NA CARA O segurança puxou todo mundo pra rua, eu tentei conversar com a gerente falando que nós queriamos voltar pra balada e tinhamos todo o direito afinal pagamos pra entrar, mas ela disse que a gente se envolveu em confusão e não podia mais ficar na casa naquela noite, ela disse que era o trabalho dela que ela não podia ser injusta de deixar alguém entrar depois de uma briga e disse que eu não podia falar nada porque eu mostrei o dedo do meio para o cara.
Então ele tem todo o direito de ser homofobico e por eu ter mostrado o dedo no meio tem todo o direito de me agredir fisicamente? Tentei fazer a gerente enteder que o mostrar o dedo do meio foi uma reação da opressão que eu tava sentindo da parte do cara e que ainda assim o soco na minha cara era totalmente desproporcional mas parece que ela não entendeu.
O cara ainda discutiu com ela e com os seguranças e ela percebeu o quanto ele era homofobico porque ele foi tentar se justificar com argumentos bem homofóbicos e ela acabou discutindo com ele e ela deixou claro que ele não entra mais no 1007. Falamos que queriamos entrar de novo na festa, ou nosso dinheiro afinal era 1:30 da manhã e pagamos pra ficar até às 5:00 mas ela disse que não podia fazer nada porque nos envolvemos em briga, outro dia até podiamos ir no 1007 (Oi?) mas aquele dia teríamos que sair da casa. Hoje dia mundial contra a homofobia não me aguentei e tive que vim escrever textão. Todos os dias por causa da LGBTFOBIA tem gente morrendo!
Nós LGBTS temos sido agredidos na rua, na escola, na igreja, na faculdade, na balada, seja psicologicamente ou até fisicamente. Eu sei que quinta feira dia 11 de maio na NUDE também aconteceu um outro caso de HOMOFOBIA e por mais que a casa tenha uma politica de respeito acho que deveria se posicionar de uma maneira efetiva. Senti dor no dente por causa do tal soco que levei e cada vez que sentia a dor lembrava dos casos de tantos lgbts que morreram por conta da homofobia e acho que não poderia deixar passar esse dia pra deixar registrado o que aconteceu.
NOTA DO 1007 NO FACEBOOK:
1007 Floripa
19 de maio às 22:21
ERRAMOS.
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Muita gente tá acompanhando o relato de um cliente que passou por uma experiência de agressão motivada por homofobia por outro cliente em uma noite, e isso puxou uma onda de novas manifestações de uma galera de diferentes origens e motivações. A gente também tá acompanhando tudo isso.
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Sempre tivemos nossas redes abertas e pedimos em todos os eventos a opinião de todo mundo. A gente tá aberto a receber isso, engolir, processar e tentar bolar algo pra mudar e melhorar.
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Vimos que infelizmente tem gente se aproveitando das críticas justas e construtivas, para espalhar boatos, distorcer as informações e convocar ações de ataque, principalmente por questões pessoais ou de concorrência de mercado. Mas ok, não é pra essas pessoas que devemos explicações.
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Mas, sim, a gente quer falar para todos que são clientes ou não, que criticam e se importam com a questão da luta contra a LGBTQfobia, machismo, racismo e todas as situações de desrespeitos que acontecem pela sociedade e noites afora, inclusive no 1007.
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Primeiro, queremos esclarecer em um português bem claro:
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Quando a gente se propõe a receber todo mundo, trazendo gente de todo os perfis, sem focar em um tipo, isso acaba abrindo espaço para que atritos entre tipos diferentes de pessoas aconteçam.
Essa é a nossa proposta, que acaba virando nosso fardo, pois nos nossos ideais todas as pessoas sabem conviver com as diferenças.
Mas a real é que de vez em quando, ou de vez em sempre, vai ter alguém que não vai saber respeitar. Infelizmente, não temos um “detector de babacas” para não deixar gente assim entrar.
E é aí que a gente é testado, pra ver se estamos conseguindo levar adiante esses ideiais – e não tem fórmula pronta, porque estamos lidando com pessoas (tanto os clientes, quanto os funcionários), e por isso, precisamos estar o mais preparados possível. Então são nessas situações que acertamos e erramos.
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No caso do cliente em questão, apesar de acertarmos em banir permanentemente o autor dos atos homofóbicos, ERRAMOS em não dialogar com a vítima da situação e entender o que aconteceu, pra resolver da maneira certa a situação.
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E a gente erra sim. Não vamos dizer que não. Não tem nem porque dizer que não. A gente aprende errando.
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E como a gente já falou antes: A maioria de nossa equipe faz parte da comunidade LGBTQ. Seja no bar, no caixa, nos DJs, no pessoal que tá escrevendo esse textão, na diretoria, nos comissários, na produção e no marketing.
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A gente também sente e sabe o que é a opressão e a discriminação no dia-a-dia, sabemos o quanto é ultrajante e inadmissível – e também sentimos a mesma dor em ver notícias e relatos de agressões e casos de ódio.
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A última coisa que queremos é isso presente em nosso local de diversão e trabalho, de onde fazemos nossos amigos, tiramos nosso ganha pão e que é o local idealizamos para ser uma válvula de escape para as pessoas nessa situação, onde possam curtir com respeito e conforto.
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A gente sente na pele isso, e é mais que nosso interesse realmente ter o 1007 como um lugar acolhedor, livre de opressões, homofobia e desrespeito. E não, não queremos proporcionar um ambiente convidativo a pessoas de comportamento indesejável.
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Gostaríamos de pedir desculpas sinceras pelas falhas apontadas. E não queremos fugir da responsabilidade de prestar um atendimento decente e correto para nossos clientes, muito menos desmentir relatos.
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Encaramos isso tudo como uma grande chamada para a evolução, pois sabemos que, se conseguirmos evoluir e prestar de maneira exemplar o serviço que nos propomos, não ocorrerão novas críticas nesse sentido.
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Enfim, a teoria é muito bonita, nossa filosofia de inclusão e ocupação de espaço pela diversidade é maravilhosa, mas a prática também precisa acompanhar isso.
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Por isso, precisamos tomar ações efetivas – muitas dessas ações já identificamos como sugestões apontadas, como replanejar staffs para que se enquadrem nos valores da casa, treinar melhor os seguranças e outros funcionários (apesar de terceirizados, estão atuando no 1007 e precisam seguir nossa filosofia) e não tolerar qualquer tipo de conivência com algum tipo de opressão.
Pra quem não sabe, criamos o programa Respeito no Rolê, que é uma iniciativa nova e que não existe em nenhum outro lugar. Com ele, propomos a conscientizar o público contra a homofobia, transfobia, machismo e racismo na noite, além de dar voz às vítimas e punir rigorosamente quem não souber respeitar.
Isso vai além da propoganda, mas diante dos fatos, também nos comprometemos a fortalecer o programa e levar ele adiante com ainda mais seriedade.
E também a gente precisa contar com o apoio de todos que estão nas festas para que casos de assédio e desrespeito não passem em vão sem que a vítima procure ajuda. Se você ver algo, converse com a vítima ou um funcionário nesse sentido. Os funcionários Migs do Rolê (de uniforme rosa) estarão mais do que nunca de prontidão.
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Enfim, vamos que agir para evitar que casos assim não voltem a acontecer e sabemos que vocês todos querem ver mudanças concretas e reais.
Pedimos desculpas novamente a todos que se sentiram afetados pelas situações e se colocaram no lugar de alguém que já sofreu por isso.
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Saibam que isso também nos afeta como pessoas e o que nos motiva a melhorar é ver os clientes e amigos aproveitando suas noites com prazer, sem opressão e com a certeza de estarem num ambiente seguro.
Obrigado a todos pela compreensão e críticas construtivas.