A nova reforma protestante: Família é onde há amor

A primeira mudança na estrutura da Igreja Católica, ocorreu há 500 anos atrás com Martinho Lutero, que veio a provocar a cisão do cristianismo e não parou por aí. A bispa luterana e embaixadora da Igreja Evangélica na Alemanha (EKD) Margot Käßmann, 59 anos, mantem vivo o espírito de mudança que inspirou Lutero.  
 
A doutrina luterana tem como parte de si o fim do celibato, perdão pela fé e a popularização da Bíblia. E ela vem se abrindo a temas mais atuais que ainda são tabus. Uma das grandes mudanças ocorreu com a recente abertura para a ordenação de mulheres na década de 90 e atualmente promove-se uma campanha de equiparação de gênero. Para Margot, a ordenação de mulheres é uma consequência da teologia do batismo de Lutero. Para ela, todo cristão batizado pode ser padre, bispo e até papa, então essa premissa é válida também para as mulheres.  
 
Mas, não é só, em 2013, a Igreja, deu um grande passo para combater o preconceito contra homossexuais, e atualmente publicou novas diretrizes para o modelo familiar, passando a considerar uma família qualquer núcleo onde haja amor, sem aquele estereótipo da tradicional como “pai e mãe casados com filhos” e aceitando parceiros do mesmo sexo. 
 
Ao se manifestar sobre o assunto, a EKD abordou padrões tradicionais que eram contestados há anos e essa luta havia alcançado mudanças sociais e legais que reconheceram a diversidade familiar e a igualdade de direitos entre os membros de diferentes constelações familiares. 
 
Contudo, no que concerne a aceitação religiosa para o casamento entre homossexuais, veio bem antes, sendo que desde 2013 algumas regionais começaram a aprovar e realizar o matrimonio. E as mudanças, que não foram apenas para o âmbito familiar, também possibilitaram ainda que a igreja viesse a aceitar também pastores abertamente homossexuais e seus parceiros. 
 
A embaixadora afirmou que a discussão sobre a homossexualidade ocupou a igreja durante anos e, no fim, após a análise do Novo Testamento, chegou-se à conclusão que casais do mesmo sexo, que possuem relações baseadas na confiança, fidelidade e responsabilidade, não devem ser excluídos da bênção de Deus. 
 
Margot declara que a igreja da Reforma precisa se transformar continuamente. Ela não é uma instituição imóvel, mas feita por pessoas e por isso pode aprender. Então, sempre devemos estar com a mente e olhos abertos, não é algo errado gostar da pessoa do mesmo sexo, não é um mal que deve ser combatido. Há outros milhares de motivos que devem ser debatidos e resolvidos. A homossexualidade não é um problema e sim algo puro. Onde existe amor, não devemos combater como um problema, mas cultivado e preservado.  
 
 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa