Um vídeo divulgado no dia 20 de outubro exibe uma situação de homofobia que ocorreu em um clube de Brasília. Na gravação, um dos diretores do clube discute com dois rapazes alegando que eles estavam desrespeitando o ambiente. “Aqui não é clube de viado não, aqui é clube de homem”, diz o agressor no final do vídeo. O clube em questão trata-se da Associação Geral dos Policiais Civis (Agepol), localizado na Asa Sul de Brasília.
Francisco Pereira de Sousa, outro diretor do clube, disse ao Correio Brasiliense que os jovens estavam trocando carícias consideradas íntimas, sentando-se um no colo do outro e tocando-se, por isso teriam sido abordados. “Um grupo de pessoas nos procurou para dizer que eles estavam cometendo excessos”, declarou. As alegações dos diretores sobre as atitudes dos rapazes não foram comprovadas. Por outro lado, Sousa continuou a justificar a atitude do outro diretor dizendo que estava atendendo aos pedidos dos denunciantes, que não foram identificados. Os diretores afirmam ainda, que o clube “não discrimina homossexuais ou heterossexuais” e que já tomaram medidas parecidas com carícias exageradas de casais heterossexuais. Uma ocorrência dentro do clube foi aberta para apurar o caso e verificar a necessidade de uma medida administrativa contra o jovem de 20 anos, filho de um policial civil associado.
Os jovens negaram a versão do clube. Quando foram abordados, os dois já estavam se preparando para deixar o local que já estava fechando. Um deles, o de 20 anos de idade, afirmou que apenas estavam se abraçando, uma vez que são apenas amigos. “Estou chateado com os comentários que vejo, porque as pessoas deduzem ou afirmam o que não viram. Temos bom senso e sabemos o que devemos ou não devemos fazer. Sabemos respeitar o ambiente”, declarou ao Correio Brasiliense.
O caso será investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal, caso seja registrada alguma ocorrência por parte do clube. A Divisão de Comunicação (Divicom) da Policia Civil lançou uma nota afirmando que “instituição e seus servidores também seguem a portaria nº 37.982, de 30 de janeiro de 2017, que versa sobre o nome social e a identidade de gênero das pessoas trans”, que por sua vez, não tem muita relação com o caso, já que nenhum dos envolvido é transgênero.
O presidente do Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (CDPDDH), Michel Platini, considera que “a resposta do clube é até pior do que a expulsão em si”. Para o profissional, o diretor não agiu corretamente ao promover a exposição e expulsão dos rapazes com base apenas em denúncias. “Caso houvesse algum excesso, os dois deveriam receber uma notificação oficial, não esse constrangimento”, orienta. Platini informou ainda, que acionará a Lei Maninha (2.615/2000) que estabelece a interdição ou fechamento de estabelecimentos acusados de discriminações em virtude de gênero ou orientação sexual.
Confira o vídeo feito pelos rapazes: