Tom of Finland: país escolhe filme sobre desenhista gay como representante no Oscar

A vida de Tom of Finland, artista que revolucionou ao representar a homossexualidade masculina no século 20, vai virar filme e vai concorrer ao Oscar. O filme “Tom of Finland”, de Dome Karukoski, é resultado de uma intensa angariação de recursos online, uma produção independente que resultou em um filme primoroso. “Tom of Filand” já foi proibido em mais de 50 países, o que não inibiu sua participação na corrida pelo Oscar, sendo o trabalho nacional indicado pela Finlândia. 
 
O filme conta a história do artista conhecido por Tom of Finland, que na verdade se chama Touko Valio Laaksonen, quando da sua participação no exército finlandês durante a Segunda Guerra Mundial. Na época era crime ser homossexual na Finlândia, e é esse o conflito que aquece a trama, uma vez que o protagonista vivia na clandestinidade para exercer sua sexualidade e sua arte repleta de erotismo homossexual, exprimindo seus próprios desejos. 
 
A crítica, violência, terror psicolóigico e opressão, fazem parte do enredo que narra fielmente a vida do artista e o contexto LGBTfóbico de sua época. Uma situação delicada exposta no filme é a culpa carregada por Tom. Embora seja inacreditável, Tom sentia-se culpado pela rápida contaminação de várias pessoas pelo vírus da Aids. Na concepção do artista, seus filmes homoeróticos estimulavam as pessoas a exercerem suas atividades sexuais, o que aumentava o risco de contaminação. 
 
O trabalho ficou impecável, e mostra com sensibilidade e cuidado a vida de  Touko Valio Laaksonen. Touko, nasceu em 1920, na Finlândia e ficou conhecido por seu incrível trabalho misturando arte, sexo e homossexualidade. Filhos de professores, o artista teve desde cedo o contato com a arte, literatura e música. Em 1939, Touko foi estudar propaganda na escola de arte de Helsinki, capital da Finlândia. Desde então, o artista começara suas expressões artísticas inspiradas no contexto em que vivia, de homens fortes e selvagens do meio rural, conferindo a eles uma certa sensualidade que demonstrava em seus desenhos.

Após ser chamado para a Segunda Guerra Mundial, Touko continuou com seus desenhos às escondidas, e correu sério risco de vida caso fosse descoberto. Esse contexto, aliás, é a situação central da trama concorrente ao Oscar. Somente em 1973 foi que o artista conseguiu se consagrar e começou a lucrar com suas criações. A intensidade de seus desenhos, reproduzindo relações homossexuais, erotismo e arte, tornaram-se então símbolo de admiração e revolução, libertando as gerações futuras para exprimirem seus desejos.  

Confira o trailer:
 

 

 
 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa