Com o objetivo de diminuir os casos de bullying nas escolas, a Igreja Anglicana orientou que identidade de gênero e sexualidade sejam respeitadas nas escolas que administra. A igreja que predomina no Reino Unido levantou polêmica ao distribuir cartilhas sobre bullying nas quais constam orientações para que as crianças sejam livres para explorar “quem elas podem ser”.
O arcebispo de Cantuária Justin Welby, líder supremo da Igreja Anglicana, disse que o material distribuído visa promover a igualdade espalhando a mensagem cristã “sem exceção ou exclusão”. São ensinados mais de um milhão de alunos nas 5 mil escolas administradas pela igreja, que terão acesso a conteúdos que abordam preconceitos no que tange, principalmente, à identidade de gênero.
O documento que homologa a orientação, argumenta que as crianças do ensino fundamental estão em fase de formação do caráter, e que os professores devem “evitar rótulos e afirmações que classifiquem o comportamento do aluno como irregular, anormal ou problemático somente por não se adequar a estereótipos de gênero”. O guia reconhece que existe uma variedade de interpretações sobre gênero e sexualidade, e que restringir as crianças a determinados estereótipos abre espaço para o preconceito e bullying, responsável por um número considerável de suicídios no mundo.
“Temos que evitar, a todo custo, diminuir a dignidade de qualquer indivíduo a um estereótipo ou problema”, disse o arcebispo Justin Welby, que argumentou ainda sobre a diminuição dos casos de bullying desde que o guia contra a homofobia nas escolas foi publicado, em 2014. O atual documento inclui ainda orientações sobre gênero, que defende a liberdade das crianças em usufruirem de brincadeiras sem que isso lhes traga rótulos. Crianças podem escolher livremente entre “uma saia de tutu, tiara, salto, ou capacete, cinto de ferramentas e capa de super-herói, sem expectativas ou comentários”, diz o documento.
A Ong britânica Stonewall, de defesa dos direitos LGBT, considera a nova orientação muito importante. Segundo a entidade, pesquisas mostram que quase metade dos estudantes LGBT já sofreram bullying na escola. Concordando com a Stonewall, Martha Evans, da Coordenadoria Nacional da Aliança Anti-Bullying, disse que o guia é muito bem-vindo.