O primeiro ministro do Canadá, Justin Trudeau, apresentou ontem um pedido de desculpas a toda a comunidade LGBTI do país que foi prejudicada em virtude de LGBTfobia. A retratação faz parte de uma agenda do governo com o intuito de reparar injustiças históricas uma vez que desde 1950 o governo permitia que pessoas fossem demitidas em virtude de sua sexualidade. Trudeau apresentou ainda um projeto de lei que permite compensações financeiras para aqueles que foram demitidos do serviço público ou militar por serem LGBT.
No ano de 1950, milhares de funcionários do exército foram dispensados pois as autoridades acreditavam que gays e lésbicas eram mais suscetíveis às ameaças e chantagens de países inimigos. Durante a Guerra Fria, os LGBT eram comumente acusados de simpatizarem com comunistas, o que serviu de argumento para a segregação por parte do governo.
Outra atrocidade do estado foram os “testes de homossexualidade”. Pessoas consideradas homossexuais eram submetidos a testes em laboratórios, também chamados de “máquina de frutas”, desenvolvidos por um professor da Universidade Carleton na cidade de Ottawa. Os testes consideravam respostas biológicas através de reações dos pulsos, pele, respiração e pupila quando o indivíduo era exposto a fotos que despertariam o “desejo gay”.
Além de se desculpar com os demitidos em virtude de sexualidade, o governo também deverá se retratar com as pessoas condenadas criminalmente por atos homossexuais. Até 1969 o Canadá considerava crime ser homossexual e aqueles que foram condenados possuem essa informação em sua ficha de antecedentes até hoje, então, o governo pretende anular todos esses registros até o final de 2017.
Militares expulsos das Forças Armadas também pleitearão seus direitos. Para Randy Boissonnault, membro do Partido Liberal do Canadá, apenas um pedido de desculpas não é suficiente. Boissonnault acredita que o governo deveria conceder pensão a esses militares tal como lhes seria de direito caso deixassem o exército com menções honrosas, como é comum. O valor destinado às reparações financeiras das pessoas LGBTI corresponde aproximadamente a 145 milhões de dólares.