O Brazil Conference At Harvard & MIT, que acontece entre os dias 6 e 7 de abril, receberá em seu corpo de palestrantes a advogada transexual Gisele Alessandra Schmidt e Silva, de Curitiba. O evento reúne diversas personalidades brasileiras entre intelectuais, artistas, políticos e estudantes para discutir os rumos do país em debates com temas variados.
Depois de sustentar uma fala no Supremo Tribunal Federal em 2017 sobre os direitos das pessoas trans, Gisele agora leva a discussão ainda mais longe. “Não somos doentes. Não sofro de transtorno de identidade sexual. Sofre a sociedade de preconceitos historicamente arraigados contra nós”, disse. Sua pauta é sobre a ADI 4275, a mesma que defendeu no STF, sobre a retificação do prenome e identidade de gênero nos documentos de pessoas trans sem a necessidade de cirurgia de redesignação sexual. O convite para Harvard partiu de um dos ministros do supremo para ela palestrar no evento. Em seguida ela montou uma campanha online onde arrecadou pouco mais de 3 mil reais para custear suas despesas pessoais durante a viagem.
Gisele é bacharel em Direito pela UNICURITIBA, advogada criminalista e militante dos Direitos Humanos da população LGBT, em especial das pessoas transgênero. A advogada também atua na Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da OAB-PR, é conselheira suplente do Conselho Estadual de Direitos da Mulher do Paraná e faz parte do Comitê LGBT da Secretaria de Estado de Justiça, Trabalho e Direitos Humanos do Paraná. Em sua luta pelos Direitos Humanos, Gisele Schmidt ainda trabalha como vice presidente da da ANAJUDH (Associação Nacional de Juristas pelos Direitos Humanos) e ainda presta assessoria jurídica ao Grupo Dignidade.
Sobre sua transição, Gisele revelou que sempre se viu como mulher desde criança, mas que por muito tempo ocultou essa condição. Depois de já adulta começou com os processos de transição, sendo o último passo o implante de silicone. A retificação do nome para Gisele veio da admiração que a advogada tem pela modelo Gisele Bundchen e da comparação que seus colegas de trabalho faziam entre as duas por conta de seu porte esquio e altura.
Como muitas pessoas trans no Brasil, Gisele enfrentou a árdua rejeição familiar e nas demais instituições da sociedade. Na escola, sempre lidou com as dificuldades por ser uma pessoa transexual e enfrentou a transfobia traduzida em agressões. Por gostar muito de leitura e dos estudos, se identificou pelo Direito logo cedo, e viu ali a oportunidade de lutar pelos direitos de sua classe além de ascender socialmente.
A Dra. Gisele é a entrevistada da Lado A #73, comemorativa dos 13 anos da revista, que sai impressa no final de abril.
Brazil Conference at Harvard & MIT
O Brazil Conference é um evento que acontece anualmente no mês de abril, pela iniciativa da comunidade de estudantes brasileiros residentes em Boston, em Massachusetts, nos EUA.
Desde sua primeira edição em 2015, o Brazil Conference é realizado na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), com o objetivo de debater os rumos do país pelo viés de vários líderes e representantes nacionais e internacionais.
O tema da edição de 2018 é #AcaoQueTransforma, com a missão de trazer para Boston personalidades que possam falar sobre alguma iniciativa em prol das mudanças necessárias no país. Nesse contexto entrará a fala da Dra. Gisele Alessandra Schmidt e Silva, cuja luta para retificação do prenome e gênero para pessoas transexuais já está dando resultado no Brasil.
O evento ainda está com mais dois projetos. Um deles, o Programa de Embaixadores, trouxe cinco universitários para a conferência em Boston, com todas as despesas pagas. Outro projeto, o HackBrazil, contou com mais de 565 inscritos e premiará com 50 mil reais o melhor projeto apresentado para resolver os desafios do Brasil.
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