Cinco assassinos da travesti Dandara são condenados após 14 meses do crime que chocou o país

Um ano depois do crime contra a vida da travesti Dandara, de 42 anos, que viralizou através de um vídeo divulgado nas redes sociais, cinco dos envolvidos foram sentenciados com penas entre 14 a 21 anos de prisão após serem culpados pelo tribunal do júri.

No dia 15 de fevereiro de 2017, Dandara foi espancada em uma rua no bairro Bom Jardim, subúrbio de Fortaleza. O crime que contou com a participação de pelo menos 12 pessoas chocou o país depois que um vídeo da atrocidade foi divulgado 18 dias depois de sua morte. Nas imagens, ensanguentada, Dandara recebia pauladas, chutes e xingamentos. Depois os tiros disparados por Francisco José Monteiro de Oliveira Junior puseram fim à tortura.

Após mais de 14 horas de julgamento,  a sentença do júri foi anunciada no Fórum Clóvis Beviláqua na madrugada de sexta-feira, 6 de abril, e estabeleceu a condenação por crime triplamente qualificado, isto é, sem chande de defesa à vítima, motivo torpe e crueldade. Um dos acusados está foragido e Júlio César Braga não foi julgado ainda por falta de provas.

Outros quatro menores de idade estão cumprindo medidas socioeducativas. Ao todo, foram  12 acusados no crime contra Dandara. Entre cinco adultos que foram a julgamento, Rafael Alves da Silva Paiva foi condenado a 16 anos de prisão por golpear a vítima com chutes. Isaías da Silva Camurça foi sentenciado a 14 anos e 6 meses de prisão pelas agressões verbais com xingamentos. Francisco Gabriel dos Reis cumprirá 16 anos de prisão por ter agredido Dandara com chineladas. Jean Victor Silva Oliveira pegou 16 anos por espancar a vítima com uma tábua. Por fim, Francisco José de Oliveira Junior pegou 21 anos de prisão pela autoria dos tiros.

A defesa de Francisco discordou da decisão do tribunal.”Meu cliente diz que, quando os disparos foram feitos, a pessoa já estava morta, pois não houve nenhuma reação. Ou seja, não foi o meu cliente que causou a morte”, disse Pedro Henrique Bezerra dos Santos, advogado do acusado.

Os acusados confessaram a atuação no crime e alegaram que não tinham a intenção de matar. As defesas de Jean e Rafael, ambos condenados a 16 anos de prisão, estão usando a argumento de que a atuação dos dois não foi determinante para o fim da morte de Dandara, por isso entraram com recurso para amenizar a pena.

Para Francisca Ferreira de Vasconcelos, de 75 anos, mãe de Dandara, apesar do julgamento o medo e o vazio prevalecem. “Eu não vou para este julgamento e nem quero que meus filhos estejam lá, eu já perdi muito e senti na pele o que estas pessoas são capazes de fazer. Este julgamento não mudará nada na minha vida.”, disse. “Continuo com medo, perdi meu filho por conta de preconceito e perdi meu neto na calçada aqui de casa com um tiro, tudo no mesmo ano.”, finalizou.

 

 

 

 

 

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