O assistente do Vaticano, George Pell, de 76 anos, foi condenado pelo Tribunal de Melbourne, na Austrália, na terça-feira, dia 1º de maio de 2018. O cardeal que já fez inúmeras declarações contra LGBTs está sendo acusado de ter cometido abuso sexual de diversos meninos.
Em primeira audiência, Pell negou todas as acusações e disse ser inocente. George foi denunciado pela polícia no ano passado depois que várias vítimas resolveram contar sobre os abusos que sofreram do cardeal, na época da denúncia, ele era um dos principais assistentes do Papa, mas agora segue afastado de seu cargo. O advogado de defesa, Robert Richter, disse que o processo não deveria existir pois considera as possíveis vítimas como inaptas mentalmente para fazerem qualquer tipo de acusação.
Apesar de os crimes terem acontecido há décadas, a juíza Belinda Wallington considerou as provas atuais como suficientes, embora o número de denúncias tenha sido maior. A investigação começou em 2012 quando, além do registro das denúncias, a polícia coletou vários outros depoimentos, inclusive de orfanatos. Em uma das vezes que compareceu para prestar esclarecimentos, Pell teria admitido que foi conivente com a ação de padres pedófilos.
As denúncias de abuso sexual que recaem sobre o cardeal são dos anos de 1970 e 1980 em Ballarat, na Austrália, sua terra natal. E ainda há casos de abusos nos anos 1990 em Melbourne, quando Pell já era arcebispo. É a primeira vez na história que um cardeal é julgado por pedofilia.
George Pell é muito conhecido por inúmeras declarações polêmicas sobre LGBTs. Para o religioso, a homossexualidade não devia ser “incentivada”, pois se trata de uma escolha. Quando um estudo do início dos anos 2000 apontou uma relação entre suicídio e jovens católicos gays, o cardeal insinuou que a homossexualidade era tão nociva que estaria levando a morte, comparando até mesmo com o hábito de fumar. George Pell ainda se disse contra os direitos civis de homossexuais como o casamento e a adoção de crianças, assim como a criação de projetos e leis para a proteção contra a violência homofóbica.