O neto de um dos líderes religiosos mais conservadores de Israel se casou com outro homem. Ovadia Cohen se uniu em matrimônio com seu namorado Amichai Landsman em uma cerimônia realizada por uma líder religiosa ortodoxa lésbica. A cerimônia, celebrada por Zahorit Sorek, membro do partido Yersh Atid, recebeu mais de 200 convidados e aconteceu na primeira semana de junho.
O falecido avô de Cohen, Ovadia Yosef, foi um líder religioso extremamente homofóbico. O neto foi criado em contato direto com o avô pois seus pais se separaram ainda na sua infância. Por esse motivo, a notícia do casamento causou surpresa entre os políticos de Israel.
Ovadia Cohen já foi casado com uma mulher e tem dois filhos. Há três anos ele se relaciona com o atual companheiro, outro membro de uma comunidade religiosa sionista em Haifa, maior cidade do norte de Israel. As cerimônias de casamento de Israel devem ser legitimadas apenas sob o reconhecimento de um clérigo. Apesar do conservadorismo, a união entre pessoas do mesmo sexo é registrada como união estável. No entanto, o casamento de Ovadia Cohen com Amichai Landsman foi realizado em cerimônia religiosa.
Após se separar de seu primeiro casamento, Cohen foi viver com seu parceiro Landsman. A família de Amichai aceitou a relação com mais facilidade do que a família de Ovadia. “Fui abençoado com uma família maravilhosa que me aceitou desde o primeiro momento, e eles também aceitaram Ovadia”, disse Amichai ao jornal israelense Yedioth Ahronoth. “Estamos totalmente orgulhosos. Ovadia deu um passo muito corajoso para estar em um relacionamento comigo e estamos felizes em nos casar. Eu não faço parte da comunidade gay religiosa, mas acho que eles fazem um ótimo trabalho”, completou.
Ovadia Yosef
O rabino Ovadia Yosef nasceu no Iraque, em 1920. Líder espiritual do partido Shas, atuou na política como um dos mais importantes líderes religiosos. Ao final dos anos de 1980, Yosef defendeu acordos de paz entre Israel e os territórios árabes vizinhos. No entanto, algumas de suas propostas de paz foi contestada pelo seu partido, o Shas.
O rabino também foi responsável por declarações polêmicas durante a sua vida. Em 2005, o religioso associou a tragédia natural do furacão Katrina à falta de crença dos cidadãos de Nova Orleans. Segundo o avô de Cohen, o furacão atingiu a população porque esses estão longe dos mandamentos do Torá, livro sagrado da religião judaica. Uma outra posição fazia oposição aos avanços científicos. O rabino já declarou, em 2010, que a morte de judeus que doam seus corpos para pesquisa não deve ser lamentada.
Quanto à comunidade LGBT, Yosef se referiu ao Dia do Orgulho Gay em Jerusalém como “imundície” e considerava a homossexualidade como “completamente má”. O rabino morreu em 2013 aos 93 anos de idade.