Grupo que sequestrou rapaz gay na Rússia é preso

Fugindo das autoridades da Chechênia que perseguem homossexuais para matar, Zelimkhan Akhmadov, viajou para a Rússia. Porém, o jovem de 20 anos de idade foi sequestrado em São Petersburgo pelo próprio pai e por alguns homens que pareciam ser policiais. Detido diversas vezes na Chechênia, Akhmadov tentava se livrar da perseguição que o levaria a morte.

No ano passado, a imprensa local denunciou que gays estavam sendo capturados e torturados na Chechênia. A operação do território que faz parte da Rússia, assim que anunciada, provocou a saída de centenas de homens gays do local. Tal como Zelimkhan, muitos foram procurar ajuda nas entidades LGBT da Rússia.

A perseguição anti-gay se acentuou no final de 2016 e permanece até os dias atuais. Os homens que não conseguiram fugir ou se esconder foram torturados e alguns mortos. Segundo o presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, o território não tem nenhum homossexual, se referindo ao extermínio desse grupo. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se mantém indiferente para as atrocidades sob o argumento de não intervir nas decisões de Kadyrov, embora tenha influência política para agir.

O caso de  Zelimkhan Akhmadov também ganhou a mídia como um exemplo dos fugitivos da Chechênia. O jovem foi procurar apoio após sofrer outras tentativas de sequestro pela própria família que, por questões de honra, pretendia entregá-lo ao governo checheno. Akhmadov procurou ajuda na Rede LGBTI da Rússia que o manteve em um local seguro. No entanto, ao sair para colocar o lixo para fora, um carro estacionou ao lado do jovem e o levou. Aos gritos,  Zelimkhan pediu ajuda mas não foi possível recuperá-lo. O jovem ainda conseguiu mandar uma mensagem de texto para um dos membros da rede LGBTI da Rússia: “me ajude”.

A polícia de São Petersburgo foi acionada para ajudar nas investigações do sequestro. Alguns dias depois do acontecido, o jovem foi localizado junto a um grupo na estação de trem. Os suspeitos pelo sequestro foram presos e a rede LGBT da Rússia disponibilizaram um advogado para acompanhar o caso.

O pai de Zelimkhan foi encaminhado para a delegacia onde relatou que seu filho envergonhava a família. Diante das autoridades policiais, o homem disse ainda que Akhmadov havia se recusado a gravar um vídeo no qual dizia não ser homossexual.

LGBTs na Chechênia

Os mais de cem homens presos através das perseguições de autoridades locais nunca mais deram notícias. Não se sabe se estão mortos ou mantidos presos em verdadeiros campos de concentração. De acordo com o jornal russo Novaya Gazeta, os capturados têm entre 16 e 50 anos e estão sendo mantidos em um cárcere secreto.

Composta em sua maioria por muçulmanos, a população da Chechênia é extremamente conservadora e homofóbica. Ter um homossexual na família é motivo de vergonha e extrema rejeição. Assim, as famílias dos homossexuais são incentivadas a assassinarem seus próprios filhos para que o governo não precise fazê-lo.

Em maio de 2017, ativistas da Rede Russa LGBT resgataram pelo menos 40 homossexuais da Chechênia. Por outro lado, existe uma grande dificuldade em manter essas pessoas seguras. Embora os movimentos de defesa LGBT tenham melhor atuação na Rússia, essas entidades também são perseguidas, o que dificulta o trabalho. A política de Vladimir Putin, muito próximo do presidente checheno Ramzan Kadyrov, não proíbe a homossexualidade, mas também não garante nenhuma proteção.

 

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa