O livro “Aparelho Sexual e Cia – Um guia inusitado para crianças descoladas”, de Hélène Bruller, voltou a ser alvo de polêmicas recentemente. Na terça-feira, 28 de agosto, o deputado e candidato à Presidência Jair Bolsonaro exibiu a publicação dizendo se tratar de um “kit gay”.
A obra já vendeu mais de 1,5 milhão de exemplares e já foi traduzido para mais de 15 idiomas. A ideia do livro é falar sobre assuntos de sexualidade para adolescentes com um tom bem humorado. A publicação tem uma metodologia pedagógica para ensinar sobre sexo. Questões sobre como nascem os bebês e puberdade são um dos assuntos para orientar os jovens.
Aparelho Sexual e Cia – Um guia inusitado para crianças descoladas” tem um personagem principal chamado Titeuf. Esse mesmo personagem, visto de forma tão polêmica no Brasil devido ao conteúdo do livro, é muito famoso na França. Existe até mesmo um desenho animado direcionado às crianças. No livro, Titeuf faz inúmeras perguntas sobre beijo, paixão, amor e sexo, assim como muitas crianças costumam perguntar.
Distribuição pelo MEC
Embora seja visto de forma polêmica no Brasil, é preciso desmentir algumas suposições sobre o livro francês. O que é tratado de maneira natural e caricata pela obra, como forma de facilitar as informações sobre sexualidade, no Brasil, é visto como uma afronta.
Aproveitando o ensejo do teor polêmico do livro, Jair Bolsonaro usou a obra para argumentar contra o que ele chama de “ideologia de gênero”. Em 2004 o Governo federal lançou um programa Escola Sem homofobia. Nele, havia um material que seria distribuído nas escolas como forma de ilustrar as aulas do projeto. Desde então, candidatos como Jair Bolsonaro e outras frentes conservadoras insistem na existência do “kit gay”. O material que seria distribuído nas escolas, que se tratava apenas de material gráfico e audiovisual, foi barrado em 2011.
Mesmo com o fim do que o candidato chama de “kit Gay”, Bolsonaro continua suas falácias. Foi o que aconteceu na entrevista veiculada no Jornal Nacional, na Rede Globo. Bolsonaro usou o livro francês insinuando que sua distribuição nas escolas estava prestes a acontecer. O candidato distorceu o verdadeiro teor educativo do livro. Para ele a obra é um guia para “incentivar crianças a fazerem sexo”.
Por outro lado, a Companhia das Letras, editora do livro, declarou que o material nunca foi distribuído nas escolas. A afirmação foi confirmada pelo Ministério da Educação (MEC). Em nota, o MEC declarou que nunca houve aquisição desse livro e que não há previsão para que isso aconteça.
Segundo o deputado Jair Bolsonaro, o livro “Aparelho Sexual e Cia” incentiva a sexualidade precoce e mostra que é “normal” relações homoafetivas. O candidato disse ainda que “não tem nada contra gays”, mas sim contra o livro que, para ele, se trata do “kit gay”.
Confira um vídeo sobre o livro