Na segunda-feira, 13 de agosto, a Justiça de Mato Grosso do Sul condenou os dois homens acusados de violentar e matar o adolescente Wesner Moreira da Silva, de 17 anos. O crime aconteceu em fevereiro de 2017 e só agora saiu a sentença. Para a família de Wesner, o pagamento de salário conforme decretou a Justiça, não é o suficiente. Os pais do adolescente querem que os acusados cumpram pena na cadeia.
Os acusados Thiago Giovanni Senna, de 22 anos, e Willian Larrea, de 32, terão que pagar juntos o valor de 2/3 de um salário mínimo. O valor é correspondente a R$ 636,00 mensais e deverá ser pago até o ano em que Wesner completaria 25 anos. Após esse tempo, o valor cai para 1/3 do salário mínimo e permanecerá até o ano em que a vítima completaria 65 anos.
A defesa dos pais da vítima, Marisilva Moreira da Silva e Valdeci Ferraz da Silva, explicou a sentença. Segundo o advogado Samuel Trindade, a decisão da Justiça se baseou na perda financeira da família com a morte do garoto. Wesner trabalhava em um lava-jato junto com os acusados e contribuía para o sustento da família. No entanto, os pais que estavam cobrando rapidez da Justiça, acreditam que os acusados devem ser presos.
O advogado de defesa de Thiago e Willian, Francisco Martins Guedes, contestou a decisão da Justiça. Guedes disse que protocolou um recurso e aguarda a decisão do Tribunal de Justiça (TJ) para reaver a sentença.
No início das investigações, a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) pediu a prisão preventiva dos acusados. No entanto, no decorrer das investigações, o juiz da 1ª Vara do Tribunal do Juri de Mato Grosso do Sul, Carlos Alberto Garcete de Almeida, entendeu que os acusados não tiveram a intenção de matar. A Justiça também havia registrado o caso como lesão corporal, acreditando na versão de que se tratava de uma brincadeira, e não considerou conotação sexual no caso.
O caso
Aos 17 anos, Wesner Moreira trabalhava no lava-jato do acusado Thiago Sena, no bairro Morumbi, em Campo Grande. Segundo a denúncia, Wesner pediu para Willian comprar um refrigerante para que juntos consumissem. Contestando o pedido do garoto, o colega começou a agredi-lo com um pano. O caso aconteceu no dia 3 de fevereiro de 2017.
Após pedir para que parassem as primeiras agressões, Wesner tentou correr do local. Nesse momento, ele foi alcançado e imobilizado por Willian. Thiago então se aproximou dos dois, pegou a mangueira de ar usada para a limpeza dos carros e injetou ar no ânus da vítima. Mesmo aos gritos para que a dupla parasse, as agressões somente cessaram quando Wesner começou a vomitar e defecar.
A pressão do equipamento foi tanta que o intestino da vítima estourou. Houve lesão no esôfago, e os pulmões foram comprimidos, fechando as vias respiratórias. Wesner foi encaminhado ao hospital em estado grave, enquanto os agressores negavam terem machucado a vítima. Desde o início, Thiago e Willian sustentavam a versão de que tudo foi uma brincadeira consentida por Wesner.
A vítima passou 11 dias internado na Santa Casa de Campo Grande e faleceu devido à uma complicação no esôfago. Os hematomas causaram perda de líquido e sangue mesmo depois de a vítima ter apresentado um quadro de melhora. Wesner precisou passar por cirurgias e chegou a retirar 20 centímetros do intestino grosso, totalmente dilacerado pelo jato de ar.
Durante o período de internação, Wesner saiu da ala de feridos graves e foi transferido para a enfermaria. Foi nesse momento que o delegado responsável pelo caso Paulo Sérgio Lauretto, colheu o depoimento da vítima. Wesner descreveu todo o ocorrido e negou que fosse uma brincadeira. A vítima disse que jamais aceitaria participar de um ato com tamanha agressividade.