“Pai do Kit Gay”, diz Bolsonaro para desmoralizar Haddad

Ferrenho opositor dos direitos LGBT, o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), mantém seu posicionamento conservador em época de campanha eleitoral. Uma de suas reivindicações mais frequentes é sobre o que ele chama de “Kit Gay”, embora nos debates com os demais presidenciáveis o candidato tenha evitado falar nesse assunto.

A cartilha chamada por Bolsonaro de “Kit Gay” foi lançada em 2004, ainda na época em que Lula era presidente. O material fazia parte do programa Escola Sem Homofobia. O objetivo do programa era combater a violência sexual e de gênero dentro das escolas. Estava incluso no programa a distribuição de um material gráfico e audiovisual para auxiliar alunos, pais e professores no processo educacional.

Com a distorção dos fatos por frentes conservadoras e LGBTfóbicas, a cartilha foi vetada em 2011. Temendo os rumos que a polêmica poderia tomar dentro de seu governo, a então presidenta Dilma Roussef vetou o projeto do governo anterior. Enquanto isso, as frentes conservadoras, muitas inspiradas em Bolsonaro, avançavam no Brasil.

Mesmo com a suspensão do projeto, o “argumento” sobre o “Kit Gay” não saiu da boca dos conservadores. Segundo eles, o material promoveria “doutrinação” nas escolas públicas. Nos últimos anos acendeu-se outra discussão para distorcer as conquistas da comunidade LGBT, a “Ideologia de Gênero”. Movimentos como MBL (Movimento Brasil Livre) começaram uma perseguição censurando professores que falam sobre sexualidade de gênero nas escolas.

Gabinete

Até o mês de março deste ano, Bolsonaro expressava a sua obsessão contra os direitos LGBT até na porta de seu gabinete. O candidato tinha colado na entrada do local vários cartazes distorcendo campanhas de conscientização sobre LGBTfobia. Desde 2010 o “Mural da Vergonha” ainda tinha fotos do também candidato e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

Após o começo da corrida presidencial, talvez para não ajudar a promover o candidato rival, Bolsonaro substitui os cartazes. O que antes eram dizeres que chamavam Haddad de “o pai do Kit Gay”, agora são fotos de Bolsonaro nos braços do povo. Além dos ataques a Haddad, Bolsonaro ainda atacava Lula e Dilma Roussef, chamando-a de guerrilheira e enaltecendo a ditadura.

Bolsonaro continua com seu posicionamento contra os Direitos Humanos e de LGBTs. Demonstrando nenhum domínio sobre questões políticas, sociais e econômicas durante os debates atuais, o presidenciável pouco falou sobre propostas. No entanto, Bolsonaro chegou a propor a substituição de escolas pelo ensino à distância, para baratear o custo com educação. Com relação a comunidade LGBT, embora não fale muito sobre o assunto em debates, sua posição permanece. Em seu plano de governo ainda consta a proibição de veiculação de conteúdos sobre gênero e sexualidade nas escolas.

 

 

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa