A prefeitura de São Paulo e o Ministério Público estão investigando um caso de corrupção na Parada da Diversidade LGBT da cidade, que aconteceu em junho deste ano. Eloisa Arruda, ex-secretária da pasta de Direitos Humanos do município, está acusando Ivan Santos Batista de usar os trios elétricos do evento em benefício próprio. Batista era coordenador de Políticas para LGBT da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura.
Segundo a denúncia de Eloisa, o coordenador teria permitido que empresas vendessem cotas para patrocinadores. Ivan teria esquematizado que patrocinadores pagassem valores de até R$20 mil reais pelo uso dos trios elétricos, sem licitação. Dessa forma, o acesso aos trios elétricos foi controlado pelas empresas patrocinadoras, que tiveram suas marcas estampadas nos veículos. Consequentemente, nenhum valor foi passado à Prefeitura que tinha disponibilizado os trios elétricos gratuitamente.
Após realizar a denúncia ao Ministério Público, Eloisa abriu uma investigação contra Ivan Batista. O coordenador foi exonerado, dando lugar para Marcos Freitas. No entanto, a própria Eloisa foi demitida na quinta-feira, 9 de agosto, após um telefonema de um assessor do prefeito Bruno Covas. Segundo Batista que se defendeu das acusações, a ex-secretária tem um desentendimento pessoal com o prefeito.
Prejuízo
Para Heitor Werneck, diretor artístico da Parada LGBT, Batista atrapalhou a arrecadação para o evento e para a Prefeitura. Ao permitir que empresas não vinculadas à Prefeitura vendessem cotas para patrocinadores, o ex-coordenador cometeu um ato ilícito na já difícil busca por patrocinadores. Além disso, esse escândalo pode desmoralizar a realização do evento.
Um dos trios elétricos do evento foi destinado ao canal “Ezatamentchy” e para o restaurante Castro Burguer. O dono do estabelecimento, Luiz Felipe Granata, disse que pensou que a negociação com Ivan era um trâmite legal. Os demais patrocinadores depositaram o valor das cotas na conta em nome do produtor do canal “Ezatamentchy”, Gustavo Henrique Igor da Silva.
Na terça-feira, Wilson Tafner, promotor do Ministério Público, ouviu os depoimentos de Eloisa Arruda. Ele disse que está dando sequência às investigações e fazendo o levantamento do prejuízo da ação para os cofres públicos. Eloisa disse ao promotor que o uso dos trios elétricos deveria ser destinado à população LGBT de forma gratuita. Segundo o protocolo de uso dos veículos, as pulseiras para acesso não deveriam ser pagas. Conforme o depoimento da ex-secretária, somente as empresas que pagaram as cotas tiveram acesso aos trios.