Em junho de 2018 a Bacharel em Direito F.R, de 32 anos, ex-funcionária de uma refinaria do município de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, registrou um Boletim de Ocorrência após sofrer assédio no trabalho. A funcionária contou para a Revista Lado A que durante sete meses ouviu insultos e ofensas de um outro colega de trabalho por ser bissexual.
A funcionária trabalhava em uma empresa terceirizada que presta serviço para a refinaria. Desde sua admissão, em 26 de dezembro de 2017, F.R. sofreu assédio. O agressor foi contratado poucos dias antes que ela, em 16 de dezembro. Tanto F.R. quanto o agressor cuidavam de rotinas administrativas na empresa, o que aproximava os dois devido ao trabalho.
Cansada das ofensas, a vítima procurou ajuda na delegacia e realizou um Boletim de Ocorrência. F.R. narrou aos policiais que era constantemente perseguida pelo agressor dentro da empresa. O funcionário fazia ofensas relacionadas à sexualidade da vítima, que é bissexual e vive com a companheira. “Fui torturada psicologicamente e ainda tinha que vir embora na mesma van que o agressor”, contou F. R. para a Lado A.
“Gay tem que morrer”, “sapatinha”, “demônio”, “mulher tem que ganhar menos que homem”, essas eram algumas das ofensas proferidas pelo agressor contra a funcionária. “Uma vez ele bateu na impressora e disse que aquilo era igual mulher de malandro: só funciona apanhando”, contou. “Quando entrava na cozinha e eu estava lá, ele dizia que tinha que sair para não pegar doença. Além disso, ficava me encarando o tempo todo com olhar sarcástico”, disse.
Demissão
Antes de realizar o Boletim de Ocorrência, a vítima se queixou com os superiores da empresa. F.R conta que os chefes faziam vista grossa para as atitudes do agressor, com exceção de algumas outras funcionárias. A vítima disse ainda que, após o Boletim de Ocorrência o agressor foi demitido. Foi então que, durante uma reunião, F.R teve que ouvir de um dos supervisores que ele fez o possível para que o agressor não fosse demitido, e que isso só aconteceu pois a ordem veio de superiores. A vítima relatou ainda que a empresa sabia de todo o ocorrido e a coagiu para que não buscasse seus direitos.
Somente após dez dias de registro do Boletim de Ocorrência, o agressor foi demitido. Pouco tempo depois, a vítima também perdeu seu emprego. Segundo a empresa, a demissão de F.R se deu por um e-mail que ela enviou equivocadamente. Agora, a profissional está em contato com seu advogado para reaver seus direitos na Justiça.