“Bolsonaro vai ganhar para acabar com os veados, essa gente lixo tem que morrer”, disse um eleitor ao agredir uma mulher trans no Rio de Janeiro. No dia 6 de outubro, sábado, a transexual Julyanna Barbosa, de 41 anos, foi mais uma vítima da transfobia no Brasil. Com as frases LGBTfóbicas do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), os casos de agressão têm aumentado muito no país.
Julyanna é ex-vocalista do Furacão 2000 e estava voltando para casa por uma passarela na Via Dutra no Centro da cidade de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Quatro homens a avistaram e começara a xingar com base no discurso de Jair Bolsonaro. De acordo com relatos de Jullyana, eles gritavam que ela era um lixo e que “devia ter AIDS”. O fato aconteceu em plena luz do dia, por volta das 9 horas da manhã.
Indignada com a agressão verbal gratuita, a mulher questionou os homens sobre o motivo do ataque. Em seguida, um deles pegou uma barra de ferro de uma barraca próxima ao local e começou a agredir Jullyana. Ferida pela pancada, a mulher caiu e logo chegaram mais três homens para continuar as agressões, dessa vez com chutes e socos.
Jullyana ficou muito ferida e perdeu muito sangue. A vítima disse que, ainda durante as agressões, conseguiu se levantar e fugir do grupo. Jullyana correu para a sua casa e de lá foi levada pelos irmãos ao hospital. Ao chegar na UPA (Unidade de Pronto Atendimento ), precisou levar dez pontos na cabeça. Após ser medicada, ela procurou entidades de defesa dos direitos LGBT e foi orientada a formalizar uma denúncia na delegacia.
Denúncia
Também conhecida como Garota-X, em um primeiro momento, Julyanna não quis registrar uma denúncia. Ela considerou as atitudes dos presentes no momento da agressão como a prova de que nada vai mudar. De acordo com o depoimento da vítima, muitas pessoas estavam próximas ao local e ninguém fez nada para impedir os agressores.
Orientada pela Coordenadoria de Políticas para a Diversidade Sexual de Mesquita, cidade vizinha, Jullyana realizou um Boletim de Ocorrência. Ela compareceu na 56ª DP e foi atendida pelo delegado Matheus Romanelli. De acordo Neno Ferreira, da Associação de Gays e Amigos de Nova Iguaçu e Mesquita, o policial foi muito solícito. O profissional já atendeu muitos casos parecidos, por isso, entende que a comunidade LGBT está muito suscetível à violência. Após a denúncia, nesta quinta-feira, 11 de outubro, Jullyana passará por um exame de corpo e delito.