Com o resultado das eleições presidenciais favoráveis à Jair Bolsonaro (PSL), muito casais homoafetivos estão acelerando seus casamentos. Essa movimentação aconteceu porque durante toda a sua campanha e carreira política, Bolsonaro se posicionou contra a comunidade LGBT. Por isso, temendo que o casamento homoafetivo seja prejudicado em 2019, muitas pessoas resolveram se casar ainda esse ano.
Para realizar uma cerimônia, como acontece em qualquer casamento, é preciso planejamento e um bom investimento financeiro. Com a falta de tempo para arrecadar fundos e organizar o casamento, seria quase impossível se casar às pressas. Mas a solidariedade de algumas pessoas está correndo as redes sociais e reunindo cada vez mais profissionais para trabalhar em casamentos LGBT e, melhor ainda, de graça.
Fotógrafos, maquiadores, advogados, decoradores, cozinheiros e diversos outros profissonas estão se disponibilizando na internet. A hashtag #CasamentoLGBT reúne cada vez mais adeptos ao movimento, e uma página no Facebook foi criada para reunir profissionais dispostos a ajudar. A agência A chama, que divulga projetos e causas sociais, também resolveu ajudar. Eles disponibilizaram em seu site um espaço para cadastro de voluntários e casais que desejam contrair o matrimônio. Dessa forma é possível organizar essa rede de solidariedade em qualquer lugar do Brasil.
De acordo com Maria Berenice Dias, presidente da Comissão Especial da Diversidade Sexual e de Gênero do Conselho Federal da OAB, é difícil que o novo governo anule casamentos homoafetivos. Por outro lado, devido ao conservadorismo e fundamentalismo religioso, leis restritivas contra uniões homoafetivas podem ser aprovadas. Após essa declaração, muitos casais estão procurando cartórios para registrar a união.
Acordo
Durante as campanhas presidenciais em outubro, Bolsonaro assinou um acordo para barrar o casamento gay. Em conjunto com o grupo Voto Católico Brasil, o então candidato disse que se comprometeria para manter os princípios cristãos do casamento. O documento assinado diz que o casamento é formado por homem e mulher, e que a instituição familiar deve ser construída de acordo com os dogmas da igreja.
Desde 2011 o casamento homoafetivo no Brasil é reconhecido como legítimo. Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os casais homoafetivos poderiam ter os mesmos direitos de casais heterossexuais. Assim, direitos civis como pensões, aposentadoria, comunhão de bens, herança e outros direitos também seriam dos casais homossexuais. Após a decisão, as frentes conservadoras da sociedade do governo, junto com igrejas, tentam retirar esse direito da comunidade LGBT.