Constantemente ameaçado por seguidores de Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) deverá ser assistido pelo Estado sobre sua segurança. O parlamentar recebeu recentemente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) um comunicado afirmando que a instituição exigirá medidas cautelares por parte do Estado para sua proteção.
Desde a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março deste ano no Rio de Janeiro, o deputado teme pela sua vida. Em outubro, ele pediu proteção à CIDH. A instituição também pediu mais afinco nas investigações da morte de Marielle, vereadora pelo mesmo partido que Jean Wyllys. De acordo com a instituição, o parlamentar corre sérios riscos de vida, principalmente por fazer oposição à Jair Bolsonaro. Em 2016, Jean Wyllys fez forte oposição diretamente contra Bolsonaro. Durante a sessão na Câmara sobre o impeachment da presidenta Dilma Roussef (PT), Bolsonaro defendeu a ditadura. Por isso e por seu discurso altamente preconceituoso, Wyllys cuspiu no então deputado.
Sobre a necessidade de proteção do Estado, Wyllys já declarou que sofre contantes ameaças e que teme pela sua vida. O deputado disse que é obrigado a circular com seguranças e escolta policial. Além disso, ele é instruído a permanecer em casa sempre protegido por oficiais e sair apenas dentro de carros blindados. De acordo com a assessoria de Jair Bolsonaro, as reivindicações de Wyllys são infundadas. Eles alegaram que quem levou uma facada durante as eleições foi Bolsonaro. A assessoria argumentou ainda, que o autor da facada, Adélio Bispo dos Santos, foi filiado ao PSOL, partido de Jean Willys, entre 2007 e 2014.
Por que proteger Jean Wyllys?
Precisamos defender ele pois é o único deputado assumidamente LGBT eleito que assume e defende as pautas da diversidade.
Importante defensor de causas LGBT e Direitos Humanos no Congresso, Jean Wyllys é peça importante na manutenção de direitos constantemente ameaçados pela atual conjuntura política. O deputado foi eleito pela primeira vez em 2010. Em 2014, foi reeleito como um dos sete deputados mais votados do Brasil. Um de seus projetos, aprovado em 2017, a Lei nº 13.504 versa sobre a obrigatoriedade de iniciativas para prevenção de HIV/Aids. Entre suas ações, estão projetos que garantem os direitos de trabalhadores e demais minorias sociais.
Com o atual cenário político, composto pelo ódio às minorias, oposições fortes como a de Jean Wyllys são constantemente ameaçadas. Nessas últimas eleições, ele também foi alvo das fake news que elegeram Jair Bolsonaro. As mentiras principais eram sobre o inexistente “Kit Gay”. A mentira, além de ser constantemente atribuída a Fernando Haddad (PT), também atingiu Jean Wyllys. Esse contexto fez com que o ódio contra as minorias e oposição, se canalizasse também contra o deputado.
As fake news com relação ao deputado, no entanto, não vêm de hoje. Desde o início de seu mandato, como oposição às frentes conservadoras e parlamentar declaradamente homossexual, Wyllys é alvo de mentiras. Uma das acusações inverídicas aconteceu em 2013. Nessa data, o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC) divulgou que Wyllys era autor de frases de intolerância religiosa. Além disso, disse que Wyllys defendia a pedofilia. Jean Wyllys junto com a deputada Erika Kokay (PT-DF) e Domingos Dutra (PT-MA) protocolaram, então, um processo por calúnia e difamação.