Ativistas denunciam nova onda de perseguição e tortura contra LGBTs na Chechênia

O território russo da Chechênia, conhecido por sua constante perseguição contra LGBTs, está preocupando novamente os ativistas. Segundo informações da Rede LGBT, entidade que protege essa comunidade, uma nova onda de perseguição no local está prendendo, torturando e matando homossexuais.

A região é liderada pelo líder Ramzan Kadryrov, que é nitidamente contra a existência de LGBTs no território que governa. A Rússia também não é receptiva com essa comunidade, mas mesmo assim entidades já pediram apoio ao país. Apesar de ser anti-LGBT a Rússia apresenta menores índices de perseguição em comparação com a Chechênia. Por outro lado, o líder da Rússia, Vladimir Putin, não esboçou nenhuma reação sobre as violações de Direitos Humanos na Chechênia.

A Rede LGBT atua perigosamente na proteção de LGBTs na Chechênia desde 2017. A própria entidade sofre perseguição do regime do local e precisa agir com cuidado. Segundo informações recentes da entidade, divulgadas desde o dia 14 de janeiro, pelo menos 40 pessoas foram detidas. Outras denúncias informaram que já são dois mortos, sem contar os desaparecidos que não se sabe ainda se estão vivos.

A Chechênia é um território dominado por muçulmanos e o conservadorismo religioso, usado para fins políticos, dificulta a sobrevivência de LGBTs na região. A Rede LGBT está denunciando há meses os ataques e perseguições, mas ultimamente uma nova operação foi deflagrada na Chechênia. O governo está induzindo os familiares de LGBTs a denunciarem seus filhos para serem capturados pelas autoridades. Além disso, os familiares são instruídos a matar seus filhos homossexuais sem que haja qualquer tipo de punição para estre crime.

Perseguição e tortura

A nova onda de perseguição teria começado, segundo os ativistas, após a prisão de um líder de um grupo LGBT. As entidades de proteção estão instruindo a essa população que saiam o quanto antes da Chechênia. As poucas famílias que se recusam a executar seus filhos homossexuais também estão sendo assistidas pelos movimentos de defesa de LGBTs.

Apesar dos esforços, a Chechênia está dificultando ao máximo a sobrevivência de LGBTs, mesmo que tentem sair do território. De acordo com o ativista Ígor Kochetov, as organizações LGBT estão ajudando essas pessoas a saírem da Chechênia. Em contrapartida, o governo está dificultando a saída através de operações e burocracias que retêm os passaportes. Desde o começo da atuação das entidades, mais de 140 pessoas já conseguiram deixar a região.

A nova perseguição teria começado em dezembro de 2018 e desde então capturou 40 pessoas. Segundo relatório da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o número de vítimas confirmados pelas entidades LGBT é verídico. O relatório possui depoimentos de pessoas assistidas pelas frentes LGBT que descreveram os abusos que sofreram. Além de tortura, os capturados sofreram ameaças, perseguições e até foram mortos. A OSCE pediu que a Rússia investigue o caso, mas como a Chechênia é um território independente, Vladimir Putin, presidente russo, não se manifestou.

Apesar das inúmeras denúncias, o governo checheno nega todas as acusações. Conforme declarou Alvi Kraimov, porta-voz do governo, as denúncias são falsas e as autoridades desconhecem qualquer abuso ou prisão por suspeita de homossexualidade. Além de Kraimov, o ministro Dzhambulat Umarov também negou as perseguições. Ele disse que as pessoas gays têm “imaginação doentia” e que por isso suas denúncias não passam de “bobagens”.

Campos de Concentração

Com relação às denúncias, o líder da Chechênia, Ramzam Kadyrov, disse que em seu território não existem homossexuais. Ele ainda teria dito que as denúncias são uma invenção dos ativistas que estariam interessados em dinheiro.

Essas declarações foram divulgadas em 2017, quando a rede LGBT e outras frentes começaram seu trabalho de proteção aos LGBT. Uma grave denúncia foi realizada pelos ativistas em abril de 2017. Os grupos acusaram o governo checheno de manter LGBTs sob tortura em campos de concentração.

Estima-se que mais de cem pessoas foram detidas naquele ano, e algumas delas foram assassinadas. As pessoas que foram liberadas da prisão foram ameaçadas para não contar sobre as torturas, do contrário, seriam mortas pelo governo.

Com relação às denúncias atuais, os ativistas acreditam que os presos estão sendo levados para o mesmo lugar de tortura de 2017, os chamados campos de concentração para gays. Da mesma forma em que o governo nega as atuais acusações, também negou sobre os campos de concentração. Nessa época, um porta-voz do governo teria dito que não há perseguição da polícia local contra homossexuais pois “a própria família se encarregaria de executá-los”.

 

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa