A Acontece – Arte e Política LGBTI+ está convocando a todos os habitantes de Florianópolis e demais interessados para participar do Bota Cara no Sol LGBTI+. O evento pretende reunir vários LGBTs na praia do Campeche, em Florianópolis. Além de ocupar espaços públicos que são direito dessa população, o evento é um ato simbólico contra a violência.
O encontro acontecerá no dia 27 de janeiro, domingo, a partir das 15h30min. O Bota Cara no Sol LGBTI surgiu devido aos números de violência que vem aumentando consideravelmente em Florianópolis. Apesar da cidade ser conhecida como “Ilha da Magia” e como receptiva com os LGBTs, os números mostram outra realidade. De acordo com levantamento da Acontece, 10 pessoas já foram agredidas por motivo de LGBTIfobia nas praias de Florianópolis somente nesse verão.
O evento Bota Cara no Sol tem o apoio de outras organizações além da Acontece. O Movimento Social LGBTI+ de Floripa, a Associação de Moradores do Campeche (Amocam) e o Conselho Local de Saúde do Campeche também estão juntos nessa luta.
A Acontece é uma instituição que defende os direitos LGBTI+ em Florianópolis desde 2013. Sua atuação tem o foco em duas frentes de trabalho: a arte e a política. Através da arte, a instituição trabalha aspectos de preconceitos e violência através de performances, intervenções públicas e demais eventos culturais LGBTI+. Já através da política, que não deixa de ser expressada na arte também, a Acontece atua em articulações com o poder público.
A organização convida a todos para ocupar os espaços e dar um basta na LGBTIfobia. Os convidados podem levar seus objetos comuns de praia e bandeiras LGBT+. De acordo com a organização, poderão ocorrer algumas atrações, mas ainda não obtiveram confirmação.
LGBTIfobia na praia
O local escolhido para o evento, a Praia do Campeche, não é por acaso. Nesse local aconteceram a maior parte dos casos de LGBTfobia. No fim de 2018, um casal de médicos gays que estavam de passagem pela cidade foram agredidos. De acordo com as entidades LGBTI+, o casal foi agredido e a polícia que estava por perto se recusou a fazer o Boletim de Ocorrência.
Um outro caso de LGBTIfobia aconteceu no mesmo local. No Ano Novo, um homem gay e duas travestis foram agredidas na praia com o aval dos banhistas. A areia estava cheia, e os presentes gritavam para as “perversões” saírem do local. Além disso, alguns presentes faziam menção ao presidente LGBTfóbico eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Já a Praia dos Ingleses também foi palco de agressão. Um Coronel aposentado teria apontado sua arma para um casal de lésbicas dentro de um restaurante. “Na Era Bolsonaro, isso é um absurdo”, teria dito o agressor. Em Jurerê também teria acontecido um caso parecido com outro casal de lésbicas.
Para a Acontece, o cenário é preocupante e está cada vez mais perigoso. “Se antes havia uma pseudo tolerância, em relação aos LGBTI+ com mais poder aquisitivo, a atual conjuntura de ódio autorizada pelo governo federal à nossa gente coloca em risco qualquer um de nós.”, disse Carla Ayres, Coordenadora Política da Acontece.