“Não são família, mas apenas aberração”, diz professor da USP sobre LGBTs em aula inaugural de Direito

Para o professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, LGBTs “não são família, mas apenas aberração”. Essas declarações foram feitas pelo professor dentro de sala de aula. Gualazzi distribuiu um texto de sua autoria com trechos homofóbicos para alunos de Direito da USP. Além disso, o texto ainda se referiu aos pobres como “minoria do submundo”.

Na segunda-feira, 25 de fevereiro, o professor entregou um texto aos alunos presentes na aula de “Direito Administrativo Interdisciplinar”. De acordo com as palavas de Gualazzi, pobres são como “eterna minoria do submundo”. Na concepção do professor, os pobres assim o são por terem “se recusado a trabalhar e produzir qualquer bem”. Além disso, o professor considera que a esquerda é composta por “minorias sociais de energúmenos”. O infeliz texto do professor ainda não deixou de se referir aos LGBTs como “tarados e taradas”.

O texto gerou revolta entre os alunos do curso de Direito da instituição. Diante das palavras preconceituosas de um professor, os estudantes fizeram protestos e notas de repúdio. Além dos alunos, o Centro Acadêmico do curso se opôs ao professor e emitiu uma nota sobre o caso. Para o Centro Acadêmico XI de Agosto, a USP precisa se posicionar da mesma forma que o professor Gualazzi precisa se retratar. Para sustentar suas afirmações preconceituosas e em defesa da Ditadura, Gualazzi usou ainda trechos do presidente LGBTfóbico Jair Bolsonaro (PSL).

Ditadura militar

Essa não é a primeira vez que o professor Eduardo Gualazzi se posiciona de forma conservadora e causa polêmica. Na data em que completou 50 anos da ditadura militar, em março de 2014, Eduardo preparou uma aula de “Continência a 1964”. Nessa ocasião, o docente elogiou a Ditadura Militar com um texto cujos trecho foram reproduzidos nessa última polêmica. O texto disponibilizado aos alunos na última segunda-feira, além de atacar as minorias, defende novamente a ditadura.

“Os líderes civis e militares da revolução de 1964 sabiamente consolidaram, ao longo de 21 anos, infraestrutura e superestrutura que tornaram o Brasil imune a qualquer tentativa de subversão”, dizia o texto do professor. Eduardo salientou ainda a sua admiração pela Ditadura Militar que ele disse manter na intimidade.

A posição de Eduardo quanto à ditadura militar gerou revoltar porque a USP é muito conhecida pela resistência contra o regime. Além disso, a instituição, em especial o curso de Direito, sempre se posicionaram a favor da democracia e contra qualquer retrocesso. Agora o Centro Acadêmico e demais estudantes aguardam posicionamento da USP com relação ao professor.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa