Foram necessárias quase cinco décadas para que a verdadeira história fosse reconhecida. Em 28 de junho de 1969, gays reagiram a uma batida policial em um bar em Manhattan, considerado o marco do movimento do orgulho gay moderno. Mas a história contatada cometeu uma injustiça. Protagonistas do ato, Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, eram transgêneros. Uma negra e outra latina.
As estátuas brancas de casais gays e lésbicos em frente ao Stonewall Inn, local do cerco policial, não expressam nem de longe a realidade. Por isso, Nova York tentará reparar o erro. A prefeitura colocará dois monumentos em homenagem a elas, na rua do bar.
O anúncio foi feito no mês passado, um mês antes da comemoração dos 50 anos de Stonewall, quando a cidade de Nova York receberá a World Pride, a Parada Gay mundial.
Marsha e Sylvia viviam nas ruas, eram performers e a alma da cena gay da época. Depois, foram atuantes na luta contra a Aids.
A primeira dama da cidade, Chirlane McCray, afirmou que o monumento será importante e dará nome e rosto, e ensinará as pessoas sobre o movimento dos direitos LGBT e que é vital que seja incluído que eram uma negra e uma latina. “Esse movimento corta a tendência de embranquecimento do movimento gay”.
Criada nas ruas, Sylvia militou desde o inicio dos anos 60 ainda na infância, em protestos feministas e denunciando a transfobia na sociedade. Nos anos de 1970, integrou a Aliança de Ativistas Gays (GAA), de onde logo se ausentou uma vez que a proposta de proteção das pessoas trans foi excluída dos planos da organização.
Marsha P. Johnson e Sylvia criaram na mesma época a “Street Transvestite Action Revolutionaries”, também chamada de S.T.A.R House, instituição de amparo para pessoas trans e travestis em situação de vulnerabilidade social. Sylvia morreu em 2002 vítima de um câncer no fígado.
Questionada em um julgamento sobre o P em seu nome, Marsha respondeu “Pay it no mind”, em português “Não se importe”. Esta frase se tornou sua marca, usada também para responder as frequentes perguntas sobre seu gênero. Em julho de 1992, após a Marcha do Orgulho LGBT, o corpo de Marsha foi encontrado boiando no rio Hudson. A polícia cogitou a possibilidade de suicídio, mas inconformados com sua morte, amigos e familiares de Marsha pediram outra investigação, que foi negada.