Irritado com informações levantadas pelo jornal Intercept sobre o ministro Sérgio Moro, Silvio Grimaldo, ex-assessor do Ministério da Educação (MEC), fez uma postagem preconceituosa no Twitter. Grimaldo teria dito que a “única coisa positiva na matéria do Intercept é o HIV”. A frase foi interpretada como uma mensagem para Glenn Greenwald, editor do Intercept. O jornalista é gay assumido e casado com o deputado David Miranda (PSOL-RJ).
Recentemente o Intercept divulgou matérias nas quais questiona a integridade do juiz Sergio Moro. Considerado um herói principalmente entre eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Moro teve conversas ilegais descobertas pelo jornal. Em meio às mensagens, Moro combina com Deltan Dalagnoll, procurador da República, sobre o ex-presidente Lula. De acordo com o jornal, o juiz teria usado de meios ilegais para condenar Lula à prisão e o impedir de competir nas eleições de 2018.
Já Silvio Grimaldo foi assessor no Ministério da Educação logo no início do conturbado governo de Bolsonaro. A pasta da educação teve Ricardo Vélez Rodriguez como ministro antes de ele ser substituído pelo atual, Abraham Weintraub. Ainda durante a gestão de Vélez, Grimaldo foi assessor do ministério e causou polêmica com seus ideias conservadores.
Silvio se dizia aluno de Olavo de Carvalho, personalidade da internet que faz afirmações sem comprovação científica e ataca universidades. De acordo com Olavo de Carvalho, que se diz filósofo, as faculdades estão cheias de “doutrinação” e são inúteis. Além disso, o filósofo diz que nunca concluiu nenhum curso a nível universitário. Já para Silvio, o Ministério da Educação estaria praticando um “expurgo” com os seguidores de Olavo de Carvalho que, segundo ele, foram remanejados para cargos inferiores no ministério. Assim, à época de sua exoneração em março deste ano, Silvio apontou uma traição por parte do governo bolsonarista contra os “olavetes”.
Glenn Greenwald
Diante do tweet ofensivo por parte de Silvio Grimaldo, o jornalista Greenwald se posicionou. Na mesma rede social, Greenwald disse que irá fazer um vídeo em inglês no qual ele explicará sobre o “terremoto político que atingiu o Brasil.”. Além disso, o jornalista citou que a frase homofóbica de Silvio se dá pelo incômodo gerado pelas revelações do jornal. Greenwald disse ainda que continuará produzindo reportagens sobre o governo e que possui muitos arquivos e documentos para isso.
Glenn Greenwald é gay assumido e casado há 14 anos com o deputado David Miranda, do PSOL. Miranda assumiu seu cargo recentemente após a renúncia de Jean Wyllys, que saiu da política e do Brasil devido às perseguições que sofria de bolsonaristas. No entanto, Davi Miranda e Greenwald também estão investindo em segurança pois membros do PSL, partido de Bolsonaro, já ameaçaram o casal de morte.
Em 13 de junho, logo após a reportagem com as mensagens de Moro, o PSL fez um pedido na Câmara dos Deputados para que Greenwald comparecesse para prestar depoimento. A oposição acatou o pedido e votou a favor. Após perceber que a presença do jornalista poderia gerar ainda mais tensão, a base aliada do governo retirou o pedido. Mesmo assim, a oposição formalizou o pedido para que a jornalista compareça e esclareça os fatos. O documento será analisado na terça-feira, dia 18.